por NPPI – Núcleo de Pesquisa da Psicologia em Informática – PUC/SP
Conforme dissemos no final do artigo anterior, a equipe do NPPI prefere não usar o termo "vicio" quando nos referimos à dependência do uso da Internet. De modo geral, em Psicologia quando se fala em "vicio", pressupõe-se a existência da dependência do uso ou ingestão de alguma substância, tal como álcool, ou drogas ilícitas. Em lugar desse termo preferimos falar em ´usos patológicos e/ou excêntricos´ da informática de modo geral, e da Internet em particular.
Porém, dentre as formas com que as pessoas podem apresentar dificuldades frente às novas tecnologias, duas delas se destacam de modo especial: De um lado estão aquelas pessoas que fazem o uso excessivo ou abusivo desses recursos; De modo polarizado, no outro extremo estão aqueles indivíduos que já preocupam alguns setores das áreas empresariais – ou mesmo na área da educação – por apresentarem grande dificuldade na utilização desses mesmos aparatos, especialmente quando seu uso é requerido como ferramenta de agilização das tarefas dessas áreas profissionais.
Vamos citar então, de início, alguns dos principais sinais da dependência do uso da Net.
Sintomas de dependência da internet
As pessoas geralmente apresentam:
1. Preocupação constante com a Internet quando está off line (não conectado).
2. Necessidade contínua e crescente de utilizar a Internet como forma de obter a satisfação ou excitação desejada.
3. Irritabilidade e dificuldade quando tentam reduzir o tempo de uso da Internet.
4. Utilizam a Internet como forma de fugir de problemas, ou de aliviar sentimentos de impotência, culpa, ansiedade, solidão ou depressão.
5. Mentem para familiares e pessoas próximas, com o intuito de encobrir a extensão do envolvimento com as atividades on line (atividades realizadas via Internet).
6. Comprometimento social e profissional: reduzem seus contatos e /ou sua produtividade escolar ou profissional.
7. Comprometimento nas articulações motoras utilizadas na digitação (LER – Lesões articulares causadas por esforços repetitivos).
8. Falta de interesse em atividades fora da Internet.
9. Sensação de estar vivendo um sonho, durante um período prolongado na Internet.
10. Os outros percebem (e explicitam) que a pessoa fica muito tempo conectada.
11. Conversam, preferencialmente, sobre assuntos relacionados com a internet.
12. A qualidade dos resultados do uso da conexão é comprometida (exemplos: usos repetitivos, pouco criativos, tais como jogos on line, entre outros).
O outro polo: usuários tecnofóbicos
Se há pessoas fanáticas por Internet, há outras que sequer querem saber como acessá-la. Ou, pior: nem querem ver o computador por perto. Há relatos de pessoas que chegam a recusar uma proposta de promoção no trabalho, por medo de lidar com as novas tecnologias. Se há os "viciados", existem, por outro lado, as pessoas que apresentam uma espécie de "fobia" à informática. Precisam, porém, conviver com ela praticamente todos os dias, uma vez que hoje, até mesmo para se realizar as mais simples operações bancárias, é indispensável a utilização de tais máquinas.
Toda essa exigência presente na vida atual, da utilização de computadores ou seus similares – principalmente na esfera profissional – acaba por gerar certa angústia para muitos indivíduos. Quando alguém é "tecnofóbico", costuma fazer uma declaração de impotência, dizendo que não é capaz de utilizar tais equipamentos. Estas pessoas tendem a culpar as empresas por seus insucessos, e criticá-las por imporem o uso de tal metodologia de trabalho, ou a criticar o computador em si mesmo, como um aparato frio e distante.
Estas pessoas desenvolvem esse tipo de rejeição como reflexo da pressão da sociedade, pressão essa que parece exigir que todos nós estejamos a par das novidades tecnológicas. Cobra-se das pessoas que elas tenham um e-mail, número de celular e que saibam usar o computador, o que, para elas, gera angústia.
Além disso, estas pessoas tendem a se assustar com o novo, podendo apresentar dificuldades no aprendizado de seu uso, chegando a ver o computador como um monstro, quase como uma entidade que possui vida própria.
Mas, ao longo dos séculos, a história humana já viu filmes parecidos antes: momentos em que o novo provocou na humanidade reações antagônicas (ou simultâneas) de medo e fascínio! Nesse sentido, estamos todos ainda aprendendo a lidar com estes instrumentos recém chegados ao nosso cotidiano, como crianças diante de um brinquedo novo…
Conforme já foi dito anteriormente, o atendimento terapêutico via Internet somente pode ser realizado dentro de condições bastante definidas, ou seja, em caráter de pesquisa. Porém, a Orientação Psicológica via e-mail já se constitui como uma modalidade reconhecida em nosso meio, desde que realizada de acordo com a regulamentação estabelecida pelos órgãos competentes. Para o leitor que queira fazer contato com nossa equipe oferecemos aqui nosso e-mail: clinica@pucsp.br.
Em nosso site estão disponíveis também outras informações sobre os serviços oferecidos gratuitamente à comunidade pela equipe do NPPI, bem como pela Clínica Psicológica da PUC-SP de modo geral. Visite-nos: www.pucsp.br/clinica
* Texto composto por Rosa Maria Farah e Ivelise Fortim de Campos a partir dos registros das entrevistas de orientação à comunidade, solicitadas ao NPPI: Núcleo de Pesquisas sobre Psicologia e Informática, da Clínica Psicológica da PUC-SP.