por Joel Rennó Jr.
"Sinto há 11 anos muito aperto no peito, coração acelerado, pernas bambas, fico a ponto de o coração sair pela boca, faço exames e não dá nada de errado. Os médicos dizem que é estresse e ansiedade. Me ajude por favor, será mesmo isso?"
Resposta: Falar de estresse todo mundo fala, mas poucos realmente sabem o que significa.
Muitos utilizam a palavra estresse para definir um dia agitado de trabalho ou uma noite maldormida. Mas, efetivamente, poucos têm sinais e sintomas de estresse que são decorrentes de uma adaptação fisiológica do ser humano – responsável até pela nossa sobrevivência.
Quero deixar claro que estresse não é doença. Em situações de perigo, é normal nossos batimentos cardíacos acelerarem e a respiração aumentar, o coração precisa bombear mais sangue para determinados órgãos vitais para as reações de luta ou fuga. Diversas situações no ambiente de trabalho, na família e em nossas metrópoles violentas e agressivas podem levar o organismo a repetir o tempo todos esses padrões de resposta de estresse, onde hormônios como noradrenalina e cortisol são secretados e podem predispor, se mantidos em níveis elevados, a várias doenças como hipertensão, diabetes, infarto, depressão entre outras.
Evolutivamente, não fomos feitos para viver em constante estresse, o estresse crônico. Isso pode levar o nosso organismo a um estado de exaustão, o burnout (termo em inglês) que provavelmente nos levará a quadros psiquiátricos como depressão, ansiedade generalizada e transtorno de pânico no futuro.
Sinais e sintomas de estresse
Os sinais e sintomas de estresse são variados, entre eles:
– tensão muscular;
– problemas na pele, no estômago ou intestino;
– hipertensão;
– mudança de apetite, sono e humor;
– sensação de desgaste constante;
– falta de energia;
– ansiedade, depressão e outros.
O estresse pode ser patológico quando o mecanismo de alerta para os perigos internos ou externos em potencial o torna excessivo, desproporcional, desadaptativo, repetitivo ou leva ao sofrimento intenso.
O Transtorno de Pânico é uma doença psiquiátrica de base genética e biológica. As pessoas relatam o medo de ter medo e apresentam as crises de pânico. Tais crises ocorrem espontaneamente, as pessoas podem acordar à noite sufocadas, achando que têm problemas cardíacos ou mesmo neurológicos, chegando a frequentar pronto-socorros. O pico dos sintomas ocorre nos 10 primeiros minutos da crise de pânico. O estresse ambiental pode ser um "gatilho" para as crises de pânico caracterizadas por falta de ar, palpitações, sudorese, formigamentos, tremores, náuseas, vômitos ou diarreias, sensação de estranheza em relação ao ambiente ("alguns pacientes relatam que se sentem flutuando"), medo de morte ou perigo iminente.
Alguns pacientes começam a evitar os locais ou situações que julgam estar associados ao início das crises. Isso precisa ser trabalhado através da psicoterapia de enfoque cognitivo e comportamental. Tais crenças ("vou ter crise se for a um local cheio de pessoas", "vou ter crise se voltar ao trabalho") precisam ser confrontadas pelo terapeuta, apontando-se novas possibilidades de pensamentos e comportamentos que ofereçam recursos aos pacientes para lidar com os medos e esquivas. Há técnicas respiratórias que diminuem os sintomas.
A medicação antidepressiva pode precisar ser alterada quando há sintomas residuais, quando a melhora é apenas parcial e o paciente continua, apesar do tratamento, a ter crises. Nesse caso, o médico psiquiatra precisa ser consultado novamente.
Portanto, alguém que sofre há onze anos de tais sinais e sintomas de "estresse" na realidade deve ter uma doença crônica como o Transtorno de Pânico.
Atenção!
Esse texto e esta coluna não substituem uma consulta ou acompanhamento de um médico psiquiatra e não se caracterizam como sendo um atendimento.