por Arlete Gavranic
“A interatividade é interessante e viciante.”
Há mais de uma década os relacionamentos vêm passando por mudanças causadas pela interferência da internet. Existe o fascínio de poder interagir, conhecer e até mesmo encontrar pessoas do mundo todo.
Acredito que o problema mais difícil para os casais foram os sites e chats de bate-papo e de papo sexual que abriram brechas para as traições virtuais, que na maioria das vezes viravam encontros reais!
Muito se falou sobre traições virtuais nos consultórios psicológicos e nos escritórios de advocacia. Muitas decepções de mulheres que não imaginavam que seus parceiros não estavam envolvidos em relatórios até a madrugada e sim em investidas extras-conjugais virtuais.
Mas é nos últimos anos que essa revolução tomou conta da vida das pessoas com a chegada dos smartphones. Não é mais preciso ligar o computador ou notebook, o mundo está acessível na palma da mão.
Junto com recursos e aplicativos dos celulares plugados ao mundo vieram Twitter, Facebook, Messenger, Tinder, Snapchat, Instagram, Par Perfeito, be2, entre tantos outros.
Interessante? Demais!!! Conhecer gente nova, reencontrar colegas de colégio, faculdade ou de trabalho, da academia, do clube…
Compartilhar pensamentos, postar fotos, fuçar a vida alheia, poder conversar, paquerar, investir na sedução. A interatividade é interessante e viciante, pois ao interagir, você consegue mobilizar uma resposta do outro, mesmo que na maioria das vezes seja um curtir. Essa sensação de que fui lido, tive atenção ou fui valorizado na minha atuação alimenta uma sensação de bem querer, que alimenta as carências existenciais e minimiza a sensação de solidão. Somos carentes de atenção e bem querer sempre, em diferentes intensidades.
A dificuldade é que muitas crises de relacionamento se agravaram, hoje vemos casais com uma grande distância no item intimidade e comunicação; cada um com seu smartphone na mão, seja assistindo TV, seja no restaurante, em casa, no shopping, na balada e no trabalho. Sem contar que esse item é hoje um dos grandes problemas que tem prejudicado a produtividade nas empresas.
E os relacionamentos? Casais conversam cada vez menos entre si, estão interagindo com o mundo – virtualmente – mas não trocam confidências, não se observam e nem percebem que estão distantes, que um ou ambos estão tristes. Elogios só se for via mensagem. Aliás, às vezes um sabe do estado de humor do outro ou o que o outro pensa sobre um determinado assunto quando leem os posts um do outro; isso quando dão atenção às postagens do parceiro.
Uma das queixas mais frequentes é dos casais que levam celular para cama, cada um no seu travesseiro teclando com outras pessoas e enquanto isso com o casal nada de trocar um carinho, investidas sensuais, elogios ou interesses.
Esse distanciamento afetivo abre espaço para outros papos, outros interesses, para pessoas que se mostram disponíveis e interessadas!
Quando a sensação de ameaça começa a existir, vem junto a invasão e o controle de senhas, e-mails e mensagens do par.
Será que mais uma vez as pessoas estão cegas para enxergar as necessidades de investimentos (carinho, atenção, demonstrações de desejo, fazer coisas novas…) e mudanças nesses padrões acomodados de relacionamento?
Se que para você ou seu parceiro está mais interessante trocar mensagens via WhatsApp ou ficar tuweetando ou mexendo no Face…? Está na hora de acordar para ver o que está tão desinteressante nessa relação.
Será que podem trocar juntos, viver brincadeiras, investir em cantadas ou sacanagens? Por que não?
Avalie antes de se magoarem!