por Flávio Gikovate
“… a preguiça passa a ser tratada como defeito, assim como todo tipo de atividade lúdica que não conduza ao destaque”
A capacidade de trabalhar muito mais do que o necessário para a sobrevivência é tratada como uma virtude.
Todos os sacrifícios que conduzam ao sucesso — é o caso, por exemplo, da competência para a poupança, para se viver com o mínimo com a finalidade de se obter reservas para investir com ousadia no futuro –, são tratados como virtudes.
Dessa forma, a preguiça passa a ser tratada como defeito, assim como todo tipo de atividade lúdica que não conduza ao destaque. A serenidade interior e a pouca disposição de participar da luta (ou da guerra?) pela vida é vista como fraqueza de espírito; a pouca ambição é tida como um grave defeito.
E não deixa de ser curioso observarmos que o sacrifício e o trabalho insano têm por objetivo permitir à pessoa uma vida mais leve e mais rica em divertimentos.
Dedicar-se ao ócio torna-se uma vitória
O indivíduo acorda por anos com o barulho de um despertador, sonhando com um dia que irá jogá-lo fora. Será finalmente um preguiçoso dedicado aos prazeres; admirado e valorizado por atitudes que são criticadas nos “perdedores”.
Só os vencedores têm direito ao ócio.