por Patricia Gebrim
Em meio às sucessivas manifestações que assolam o Brasil, é possível exercitar a paciência e a gentileza em nosso dia a dia?
Bem… há poucos dias fui com uma amiga a Cabreúva (SP). Eu sabia que existia por lá um templo budista e achei que seria uma opção diferente de passeio para o fim de semana.
Embora não seja budista, interesso-me por tudo aquilo que possa me ensinar algo sobre o "viver melhor".
Acreditem, para quem vive numa cidade como São Paulo, a energia daquele lugar é um verdadeiro bálsamo. A paisagem, arredondada e suave, convida nossos olhos cansados a se deitarem sobre suas curvas. Não bastasse o silêncio, a beleza e a harmonia do lugar, fomos recebidas com tanta amabilidade que fiquei imaginando como seria um mundo onde as pessoas tratassem umas às outras daquela maneira, com sorriso nos lábios, voz mansa e aquela gentileza desarmada no olhar.
Um olhar desarmado é a coisa mais linda.
Numa breve palestra, após a apresentação do templo aos visitantes, o monge responsável discorreu sobre a importância de sermos pacientes.
– Sem paciência, disse ele, não há paz. E sem paz, não há felicidade.
Simples, mas certeiro.
Andamos impacientes com tudo, vocês já perceberam?
Impacientes com o fato de que as pessoas são diferentes de nós e nem sempre agem como gostaríamos. Impacientes com as inúmeras coisas que fogem ao nosso controle. Impacientes até mesmo com um idoso ou uma criança que atravesse nossa frente em um corredor de um supermercado qualquer. Andamos impacientes com nossas próprias limitações, refletidas diariamente nas limitações das pessoas que nos cercam. Não estamos suportando nossa própria ignorância, essa é a verdade.
Estamos agindo como crianças mimadas que acham que podem tudo, como querem, na hora que querem.
Ouça:
– Nós não podemos tudo!
Precisamos urgentemente trazer um pouco mais de consciência para a nossa vida ou em breve nos tornaremos monstros engolidores de gente, assassinos de velhinhos em supermercados. Frente a algo que nos cause impaciência, precisamos olhar para nós mesmos e perguntar:
– Quem eu escolho ser agora?
A criança mimada e exigente?
Ou o adulto compassivo que sabe que limitações fazem parte dessa vida?
Não podemos continuar agindo com base nas programações inconscientes. Precisamos escolher conscientemente em que direção queremos seguir. Precisamos assumir mais controle sobre nossas vidas e nos comprometer com uma vida onde exista mais paz. Só assim nos aproximaremos da tão desejada felicidade.
Somos livres para fazer nossa escolha, para criar ao nosso redor o mundo que quisermos, mas lembrem-se:
– Após criar seu mundo, você terá que viver nele!
Queira ou não, você habitará o mundo que tiver criado. Contenha ele harmonia ou tormento, paz ou guerra, confiança ou medo.
Eu sugiro que você faça um exercício. Só por um dia. Só por hoje.
Disponha-se a exercitar a gentileza, a delicadeza. Seja paciente com todas as pessoas que cruzarem seu caminho. Só por hoje, experimente… E sinta. E perceba o que isso causa a você.
Só por hoje…
E, quem sabe, se você plantar gentileza, e a vida começar a abraçá-lo de volta, você compreenda a importância de plantar mais flores de paciência nesse seu jardim.
Minha gratidão aqui ao Templo Kadampa Brasil pela recepção harmoniosa e pela inspiração para este artigo.