por Alex Botsaris
Por que algumas músicas nos deixam felizes e outras tristes? Seria o simples fato de nos remeter ao passado ou a algum momento que tenha marcado nossa vida ou ainda a lembrança de uma pessoa querida? Sim, os sons são associados a memórias, e além disso geram estímulos elétricos no cérebro, que podem ter ações específicas. Se música ou qualquer outro som emitido pela natureza ou pelos seres humanos tem efeitos no sistema nervoso, isso poderia ser aproveitado para fins terapêuticos. Por exemplo, quando um despertador toca, estamos usando um tipo de ruído, estridente e agudo, para interromper o sono, ou seja usando a capacidade de ruídos estridentes liberarem substâncias que ativam o cérebro. Partindo desse pressuposto, por que não usar a música para tratar as pessoas?
A musicoterapia foi criada nos Estados Unidos, logo após a Segunda Guerra Mundial, por um grupo de psiquiatras de um hospital para veteranos. Ao trabalharem com neuróticos da guerra eles perceberam que a música os acalmava. Ao ampliarem as pesquisas descobriram que os efeitos terapêuticos da música era extensivo ao processo de recuperação física de ex-combatentes, a maioria portadores de diversos tipos de mutilação. No Brasil ela chegou na década de 70, trazida pelo médico argentino Rolando Benezon.
No tratamento com a musicoterapia são utilizados desde gravações e instrumentos musicais convencionais, até instrumentos criados especialmente para serem usados por portadores de alguma deficiência. Por considerar o corpo humano um verdadeiro instrumento musical, a produção de sons e a resposta aos estímulos sonoros tornam o indivíduo capaz de expressar o que muitas vezes ele não consegue manifestar através da fala, por incapacidade física e mental. Uma vez estabelecido um canal de comunicação com o mundo externo a pessoa pode, então, se reeducar ou quebrar bloqueios impeditivos. Outra técnica que pode ser utilizada é o toque corporal. Ele provoca vibrações e serve de estímulo à reabilitação física ou emocional.
Periodicamente são divulgadas pesquisas sobre os efeitos da musicoterapia, mas duas delas chamam a atenção. Na Rússia o batimento cardíaco de uma mãe foi gravado e reproduzido num berçário com várias crianças. Seu filho foi o único a se manifestar numa demonstração de que reconhecia o som que ouvira durante a gestação. Este é um dos motivos que denotam a importância dos pais dedicarem palavras de carinho ao filho, durante a gravidez, já que o som é o primeiro contato do ser humano com o mundo exterior. Na verdade, a música atua sobre o sistema emocional e provoca estados alterados de percepção capazes de acelerar ou desacelerar a pulsação cardíaca. Ela faz um registro na memória consciente e inconsciente.
Todas as pessoas podem se tratar com a musicoterapia. Do neurótico ao psicótico, passando por portadores de deficiências físicas e mentais; e até mesmo por quem apresenta problemas mais corriqueiros como o estresse e a ansiedade. Se você anda ansioso e anda com um pouco de insônia, pode escolher um autor clássico que goste, uma música que você sente que acalma, e ouvi-la por meia hora, de olhos fechados, com a máxima concentração que conseguir, sozinho num ambiente onde não será perturbado. Estará fazendo musicoterapia.
Mas em casos mais complicados, em doenças, e sintomas que não melhoram com as medidas caseiras, é preciso procurar um especialista. O musicoterapeuta, além de ter informações científicas sobre a reação a certas músicas e sons, pode fazer um combinação mais eficaz que músicas isoladas.
A principal vantagem da musicoterapia é o fato de ser uma terapia breve se comparada às demais formas de terapia verbal. Outro ponto forte é que o terapeuta lida com o princípio do prazer, uma vez que são raras as pessoas que não gostam de música. Vale lembrar que esta prática terapêutica deve ser complementar a outros tratamentos de acordo com a situação específica de cada paciente.
Atenção! Esse texto e esta coluna não substituem uma consulta ou acompanhamento de um médico e não se caracterizam como sendo um atendimento