por Eduardo Ferreira Santos
"Estou desesperada. Estou com diagnóstico de transtorno de depressão maior e transtorno de ansiedade generalizada. Sinto muitas dores, não consigo realizar as atividades diárias, não tenho ânimo pra nada. Troquei minha medicação, mas o que me preocupa é que não vejo perspectiva de melhora."
Resposta: Em primeiro lugar, o diagnóstico de DEPRESSÃO MAIOR foi instituido pela Associação Psiquiátrica Americana na formulação do DSM (Manual Diagnóstico e Estatístico dos Transtornos Mentais, atualmente em sua 5ª Versão) que, a princípio, serve como um manual mesmo para pesquisa e classificação das diversas modalidades de "incômodos psiquiátricos" que possam apresentar as pessoas.
Há grandes discussões sobre usá-lo como um verdadeiro "Manual Clínico" na Psiquiatria, mas é o que a corrente "organicista" aceita, aprova e estimula os novos médicos a seguir.
A tal da DEPRESSÃO MAIOR não seria nada mais do que a Depressão Verdadeira (a antiga PMD – Psicose Maníaco Depressiva) apenas com episódios depressivos de longa duração e ausência de crises maníacas (de euforia).
No caso da internauta em questão, o uso dos dois diagnósticos me faz pensar mais em um quadro de DEPRESSÃO ANSIOSA grave sim, mas com bom prognóstico, embora ela mesma não acredite em sua recuperação – que faz parte do próprio quadro, devido à sua severidade.
Encontrar a medicação adequada é realmente difícil, pois cada paciente tem características biológicas diferentes de resposta aos medicamentos – o que está hoje em fase de pesquisa que seja devido à produção ou não
(genéticamente determinada) de enzimas hepáticas metabolizadoras desses compostos químicos.
Tenho vários pacientes assim e que só reagem após algumas tentativas de uso de alguns antidepressivos com efeito ansiolítico (às vezes utilizo mesmo os mais antigos, com bom resultado) associados a uma psicoterapia intensiva.
O importante é você saber, embora nessa fase aguda seja dificil acreditar, que há tratamento para o seu quadro, apenas é uma questão de acertar a medicação e encontrar um psiquiatra que a compreenda e a faça ter confiança em sua recuperação.