por Elisandra Vilella G. Sé
A Doença de Alzheimer (DA) é neurodegenerativa e se caracteriza por uma atrofia de neurônios, cuja morte neuronal está associada ao distúrbio na degradação de proteínas no cérebro – uma agregação de proteínas beta-amiloide que ocorre nas células nervosas do cérebro, afetando consequentemente o metabolismo cerebral e as conexões entre os neurônios -, é objeto de estudo em todo o mundo.
A agregação de proteínas formando complexo potencial tóxico para as células é um mecanismo comum nas doenças neurodegenerativas, mas na Doença de Alzheimer, as proteínas que formam agregados, a proteína beta-amiloide que se situa nas placas senis, e a proteína tau, que se localiza nos emaranhados neurofibrilares, são as principais causadoras da neurodegeneração, responsável por desencadear o processo patológico da doença.
Em 2012, pesquisadores publicaram em revistas científicas os primeiros ensaios clínicos com uma nova droga chamada solanezumab em pacientes com estágios iniciais ou moderados da Doença de Alzheimer. Depois de 18 meses de testes, concluíram que poderia haver benefício para os pacientes em estágio inicial da doença.
O estudo foi desenhado da seguinte maneira: os pesquisadores ofereceram a um grupo de pacientes com DA leve (participantes do estudo) o solanezumab e ofereceram a outro grupo uma droga placebo num período de dois anos. Os participantes não sabiam se estavam tomando a droga ou o placebo.
Na fase seguinte, todos passaram a receber o remédio. Após análise dos resultados, evidenciou-se que os pacientes que começaram a tomar o remédio mais tarde não alcançaram o mesmo nível cognitivo dos que já estavam usando a droga. A conclusão do laboratório é que o solanezumab não estava apenas amenizando sintomas, mas atrasando a progressão da doença, e que ingeri-lo com precocidade traz vantagens.
Recentemente, na Conferência Internacional da Associação de Alzheimer, Estados Unidos, em Whashington (2015), os pesquisadores apresentaram a segunda fase do estudo, na qual se confirmou a eficácia do solanezumab.
Os pesquisadores demonstraram que os doentes que na primeira fase tinham tomado solanezumab mostravam um declínio mais lento de sua função cognitiva. Os participantes do grupo placebo, apesar de mostrarem melhores resultados nos testes após começarem a tomar o solanezumab, não alcançaram os mesmos resultados do outro grupo, o que sugere que a nova droga pode mesmo ter um efeito promissor para amenizar a progressão dos sintomas.
Estudos como este traz novas perspectivas para a comunidade científica, para a sociedade em geral e aos pacientes e seus familiares. Porém, muitos outros ensaios clínicos deverão ser realizados. Mas já é um sinal de que os profissionais poderão olhar com entusiasmo para o futuro próximo e assim devemos reivindicar o investimento significativo nas pesquisas realizadas no Brasil. Portanto, como em muitos outros países, torna-se necessário atender o objetivo principal do Plano Nacional para Abordar a doença de Alzheimer – para prevenir e efetivamente tratar a doença de Alzheimer até 2025.