por Samanta Obadia
Difícil é admitir que o que nós queremos, muitas vezes, é ficar só, sem ninguém por perto. Simplesmente só. A alegria da solidão, tão bem falada por *Arthur Schopenhauer. Afinal, “apenas quando se está só é que se está livre”.
A maioria das pessoas teme a solidão, mantendo seus relacionamentos familiares e amorosos, repletos de sacrifícios, em nome de uma possível necessidade de dependência futura. Há inclusive quem tenha filhos por isso.
Todos os medos apontam para o maior de todos: o medo da morte. Fingimos gostar de estar com os outros para que cuidem de nós quando deles precisarmos. Agradamos ao maior número de pessoas na ilusão de que não nos largarão por aí.
Participamos de eventos chatos e repetitivos para que não esvaziem os nossos. Trocas e trocas, na maioria das vezes, desiguais. Há sempre os que se doam mais e os que se dispõem menos. Grupos humanos são assim. Poucos se destacam desse molde e quando o fazem são duramente criticados ou ridicularizados. Quanto mais você cultiva as relações sociais, hipócritas ou não, mais lhe julgam como bem-sucedido.
Lembro-me de um professor meu na adolescência que em seu aniversário sumia. Não gostava de eventos em geral, mas a este, por ser seu, agia conforme o seu desejo. Ninguém conseguia contato com ele. Todos nós estranhávamos este ato, mas algo em mim admirava tal atitude. E eu o imaginava rindo de todos feliz por estar só.
Atualmente lhe compreendo inteiramente e junto a Schopenhauer concluo, “Cada um fugirá, suportará ou amará a solidão na proporção exata do valor da sua personalidade. Pois, na solidão, o indivíduo mesquinho sente toda sua mesquinhez, o grande espírito, toda a sua grandeza; numa palavra: cada um sente o que é”. E é só!
* Arthur Schopenhauer: filósofo alemão (1788 – 1860)