Sorte no amor é?…

O casal que dá certo, a alma gêmea, as duas metades da laranja, será que tudo isso é obra da “sorte” ou trabalho dos envolvidos?

Bem, é claro que o “acaso” tem lá o seu papel no relacionamento amoroso. Principalmente no encontro de duas pessoas que poderiam nunca ter se cruzado na vida. Mas o encontro é apenas o início. E, em geral, quase todos os relacionamentos, em seu início, são agradáveis. Afinal os envolvidos, no intuito de seduzir, mostram apenas seu lado bom.

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Assim, tirando o início, que pode ser obra do acaso ou da circunstância, tudo o que vem depois depende integralmente dos envolvidos. Inclusive a escolha. Sim, porque o acaso pode apresentar pessoas, mas a interferência desse acaso na escolha já não existe. Em outras palavras, não é porque uma pessoa se interessa pela outra e é correspondida, que o relacionamento vai dar certo. A escolha é um elemento fundamental na relação amorosa bem-sucedida.

Mas o que é uma relação amorosa bem-sucedida?

É aquela que corresponde ao desejo dos envolvidos. Tem gente que vê a relação amorosa como um divertimento: quer viver emoções, sensações, e situações mobilizadoras, e isso é o que basta. Enquanto o relacionamento proporcionar esse tipo de vivência, ele satisfaz. É o amor que é eterno apenas enquanto dura. Outros, a maioria talvez, quere algo mais profundo, casar, constituir família, aprofundar o vínculo. Por esse motivo, a escolha é um fator fundamental no sucesso da relação amorosa. Se alguém, logo depois dos primeiros encontros, dá sinais de agressividade, egoísmo, e intoxica os encontros com pitadas de perversidade, não adianta achar que depois essa pessoa vai mudar. Raramente ela muda. E, nesse caso, quem estiver procurando alguém para aprofundar um relacionamento, melhor esperar que a sorte aja novamente…

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Manter a relação é a parte mais difícil e trabalhosa    

Depois da escolha, vem a parte mais difícil e trabalhosa: a manutenção. Nesse momento o papel da sorte, do acaso e da circunstância diminui mais ainda. O andamento da relação passa a depender quase que totalmente dos envolvidos. E depende de alguns fatores como o entendimento do que é uma relação amorosa, a capacidade de abrir mão de desejos pessoais pelo parceiro, o refinamento da sensibilidade e da empatia para conseguir se colocar no lugar do outro, a admiração genuína por quem não nasceu grudado e, portanto, pensa e age de forma diferente. Essas são as verdadeiras poções mágicas do amor. Nada mágicas, aliás. Lógicas, óbvias para quem entendeu o que é um relacionamento amoroso.

No fundo, o amor bem-sucedido é como qualquer sociedade bem-sucedida. Cada um pode ter suas funções, mas todos têm que batalhar para dar certo. Independentemente de quanto dure o relacionamento amoroso, para que este não termine em mutilações emocionais profundas, deve ser reavaliado e rediscutido de tempos em tempos. Pessoas mudam, circunstâncias mudam, cenários mudam. E readaptações se fazem necessárias. Mas quando essas readaptações não se sustentam mais, terminar o relacionamento se faz necessário.

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Um final horrível ou um horror sem fim?

Como diz o ditado, melhor um final horrível do que um horror sem fim. Às vezes a separação é o maior ato de amor com que o casal pode se presentear.

Outras vezes o acaso voltará perverso e fará com que um dos envolvidos queira sair e outro continuar o casamento; outras, esse mesmo acaso se tornará mais cruel ainda e levará para sempre um dos envolvidos em uma relação maravilhosa. Infelizmente, contra o acaso não há argumentos, não há questionamentos, não há respostas definitivas. Aceitá-lo e seguir em frente é o que se pode e se deve fazer. Se possível carregando uma sacola cheia de esperança para semear a terra dos novos rumos que tomaremos.

Em suma, o romantismo, o acaso, a paixão, os sonhos e a mobilização fazem parte do início da maioria dos relacionamentos amorosos. Afinal, originalmente o acasalamento visava a reprodução, a perpetuação da espécie. Portanto, o encontro amoroso tinha que ser sublime, pairando um pouco acima da realidade para que os envolvidos se motivassem. Mas a relação amorosa duradoura vai se distanciando pouco a pouco dessas sensações e passa a tomar outros rumos, mais reais, mais sólidos e mais personalizados. Que podem solidificá-la ou destruí-la. Dependendo do empenho que nela for investido.