por Patricia Davidson Haiat
“Tomar suplementos sem mudar os hábitos de alimentação, não leva a lugar nehum. Hipócrates, o ‘pai’ da medicna já dizia: Faça do alimento, sempre, o seu medicamento” O nosso corpo é formado por 100 trilhões de células, sendo que 50 milhões se renovam diariamente. Cada uma delas exige um suprimento constante e diário para funcionar com perfeição.
Tudo no nosso organismo se relaciona com a informação celular. É preciso que a comunicação entre as células seja perfeita para que os órgãos funcionem de maneira saudável, proporcionando saúde ao indivíduo. Esta comunicação depende dos nutrientes que ingerimos no dia-a-dia.
O que ocorre é que nem sempre fazemos as melhores escolhas alimentares. As más escolhas e, consequentemente a baixa qualidade nutricional, garante uma comunicação celular ruim.
Alguém que não come frutas, verduras e só come peixe frito, arroz branco e pão branco, por exemplo, não têm fibras na alimentação.
Com esse tipo de alimentação as pessoas manifestam uma série de sintomas como depressão, enxaqueca, TPM, queda de cabelo, olheiras, celulite, excesso de peso, intestino preso…
Todos esses desequilíbrios podem ser causados por carências nutricionais ou por excesso de alimentos que individualmente atrapalham sua comunicação celular.
Sabemos através de pesquisas recentes que no cardápio do brasileiro, faltam alimentos capazes de suprir as necessidades de vitaminas e minerais essenciais para manter a saúde do corpo e prevenir doenças. As pesquisas mostram que 90% da população brasileira com mais de 40 anos consome cálcio em um terço do considerado ideal para o bom desenvolvimento e manutenção óssea e cardiovascular.
Cerca de 80% da população não consome magnésio e vitamina C suficientes, além de vitamina E e principalmente vitamina D que precisa ser sintetizada no organismo a partir da exposição solar, que hoje tem sido vista como um vilão. Ainda falta vitamina A no prato de 50% dos brasileiros e vitamina K na alimentação de 81%.
Um estudo realizado em 2007 pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) com 2500 pessoas, abrangendo 150 cidades brasileiras mostra além de múltiplas carências o brasileiro tem o seu consumo exagerado em proteínas, gorduras e carboidratos, principalmente simples (açúcar, doces e produtos de confeitaria e refinados).
Isso vem acontecendo por algumas razões: A maioria dos brasileiros não dá muita importância e não tem o hábito de consumir vegetais e frutas em geral e são neles que encontramos a maioria das vitaminas e minerais que o corpo necessita. A alimentação atual é rica em produtos industrializados, que são desvitalizados e carentes em uma série de nutrientes pela praticidade que veem nesta pratica.
A maioria das pessoas tem uma alimentação muito monótona, isto é, comem todos os dias a mesma coisa no café-da-manhã, almoço e assim por diante, o que restringe e muito a oferta de vitaminas e minerais e o seu aproveitamento. O ideal é que tenha uma rotatividade entre os alimentos. Outro entrave à boa alimentação é que a maioria das pessoas julga que comer de forma saudável é mais caro, o que é ilusão, basta ir ao supermercado e ver quanto custa um pé de alface e um pote de um iogurte light cheio de adoçante e conservantes, o alface é mais barato!
Temos grande oferta de alimentos em todo o país, com preços que cabem em todos os bolsos, agora as pessoas têm que arranjar tempo de cuidar de sua alimentação para mais tarde não gastar com remédios.
Mas então como saber se estou com bons níveis nutricionais? Essa pergunta é muito recorrente no consultório.
Sintomas de bons níveis nutricionais na alimentação
Podemos perceber por sinais simples que o próprio organismo dá como:
– cabelos fortes e brilhantes;
– unhas fortes lisas e sem manchas ou ondulações;
– pele com viço;
– a digestão ocorre normalmente, sem gases ou sintomas de má digestão;
– boa disposição física;
– sono aprofundado, etc…
E quando o organismo mostras esses sinais ao contrário, isto é, cabelos fracos, etc… É que a deficiência já está instalada. Além desses sintomas têm exames que podem quantificar as vitaminas e minerais nas células do sangue e são muito úteis na prática do nutricionista para pautar a necessidade de reposição de determinados nutrientes.
Uma vez vista a carência nutricional, a mudança de hábitos deve ser privilegiada, pois os nutrientes contidos nos alimentos são mais facilmente absorvidos, estão em sua forma natural e o organismo já entende como algo “conhecido”. Mas muitas vezes há necessidade de corrigir através do uso de suplementos alimentares, especialmente quando a mudança de hábitos for muito demorada ou quando o estágio de carência dificilmente será revertido de maneira rápida somente com a alimentação.
O mercado de suplementos vem aumentando de maneira acentuada e cada vez mais existe opções disponíveis. Mas o maior erro cometido pelas pessoas é achar que são capazes de escolher seu próprio suplemento, que irão conseguir um bom resultado e que isso poderá substituir uma boa alimentação. Isso não é verdadeiro.
Comprar suplementos por conta própria não é recomendado, pois uma pessoa leiga não sabe avaliar os produtos que fazem bem para elas. As formas em que as vitaminas e minerais podem ser suplementadas são as mais diversas possíveis, sendo que algumas têm pouquíssima absorção pelo organismo e outras têm ótimos níveis de aproveitamento. Então, a pessoa acha que está consumindo 1000mg de cálcio, mas absorve 250mg, isto é, joga dinheiro fora, pela falta de orientação ou então usa 1000mg de vitamina C e absorve 180mg, perde-se muito na urina.
Alguns nutrientes ainda competem entre si, favorecendo com que o organismo intensifique a deficiência de algum nutriente. Além do mais, alguns produtos do mercado por não terem qualquer tipo de fiscalização ou pesquisa relativa à segurança, pode colocar em risco a saúde.
Para as pessoas que já usam algum tipo de medicamento, é preciso ter cuidado redobrado, pois há suplementos que aumentam ou reduzem a eficiência de um medicamento, trazendo efeitos colaterais. Por isso, a prescrição desses suplementos deve ser feita por profissionais habilitados para que a qualidade do produto que está dentro da cápsula seja boa e que issa esteja inserida dentro do contexto de vida do paciente.
A nutrição funcional vê a pessoa como um ser único, analisa todos os aspectos que se relacionam à individualidade, e a partir disso traz um novo conceito de nutrição saudável, onde um alimento/suplemento pode fazer bem para uma pessoa e não necessariamente para outra. Ela está fundamentada nas informações fisiológicas e bioquímicas do organismo, e prioriza a interação que existe entre todos os sistemas do corpo em conjunto com os nutrientes que são peças centrais na fisiologia do organismo.
Outra duvida constante é sobre o tempo necessário para se tomar suplementos e a resposta é que não existe um tempo especifico para essa reposição Deve ser analisado o quadro de cada pessoa com os sintomas associado às deficiências. A grande maioria das pessoas não precisa de suplementação vitalícia, salvo em condições especiais.
Após um período de suplementação é como se estivéssemos enchendo um frasco no organismo que estava abaixo do nível ideal, com a suplementação esse estoque é restabelecido e, com a mudança posterior da alimentação e a inclusão de hábitos alimentares mais saudáveis, a pessoa consegue manter bons níveis sanguíneos de vitaminas e minerais sem tomar mais nada.
A dica é ter uma alimentação saudável e variada, própria para si, pois as vitaminas, minerais e boas gorduras estão distribuídas nas mais diferentes frutas, verduras, legumes, grãos, castanhas, e são os nutrientes que o organismo precisa. Sendo assim, podemos dizer que tomar suplementos sem mudar os hábitos não leva a lugar nenhum. Afinal, como já dizia Hipócrates – o Pai da Medicina: “Faça do alimento SEMPRE o seu medicamento”.