por Roberto Goldkorn
Tenho observado nos últimos anos para ver se encontro um fator comum que esteja presente na riqueza, e na pobreza, na felicidade amorosa e na solidão do desamor. Alguma coisa me sussurrava que havia algo sólido, palpável nesses processos pessoais de riqueza e de pobreza, e não estou falando apenas na acepção material dos termos.
Já escrevi diversas vezes sobre o *tema, que as pessoas constroem a sua solidão com afinco, apesar de acharem as causas inalcançáveis, inexplicáveis.
Bobagem, todos os casos são perceptivelmente construídos pelas próprias “vítimas” de forma paciente e obstinada. O mesmo podemos dizer da conquista da riqueza material. Apenas agora estou aprendendo o quanto eu repeli de forma enfática, e determinada todas as tentativas do universo de me encher de riquezas incomensuráveis.
Sempre neguei esse fato, sempre tinha um comentário crítico (pertinente até) diante de livros, ou dos gurus da prosperidade. Eu dizia: “Ah se fosse tão simples assim, o mundo todo seria composto de pessoas ricas!” Eu dizia: “Eu não quero muito, só quero uma vida confortável.” Eu não quero ficar milionário, melhor é ter saúde, quero ser rico de saúde.”
Minha mente registrava isso e programava exatamente isso – e o dinheiro aparentemente numa conspiração diabólica fugia de mim. Observava meus clientes ricos e ficava injuriado com a cambada de chupins a sua volta tentando arrancar algum deles.
Isso novamente programava a minha mente: “Eu hein, não quero ser vampirizado 24 horas por dia por essa chusma.” Isso queria dizer novamente: “Não me mande dinheiro aos montes, pois não tenho estômago para lidar com essa corja.” E os céus me ouviam, nada de dinheiro! Eu reclamava, sofria mais que a mãe do ouriço, mas ao entrar na sala de interrogatório para dar um corretivo no culpado pelas minhas agruras, a sala estava vazia e era só eu ali, comigo mesmo.
Cansei de repetir as frases: “Bem em compensação infeliz no jogo, feliz no amor”; “O cara para ter esse dinheiro tem de ter ferrado muita gente”; “Ele é rico, mas é medíocre…”; “É mais fácil um camelo passar pelo buraco da agulha que um rico entrar no céu.” E assim ia condicionando a minha mente a me manter na pobreza, mas com muita dignidade, com muita inteligência.
Desdenhei todas as “fórmulas” dos experts para se ganhar dinheiro com a minha grande cultura, sempre pronto a pegar uma contradiçãozinha aqui, uma falha de raciocínio ali, e fui ficando para trás. As pessoas mais simples, sem toda essa bagagem intelectualóide que eu carregava como uma canga, simplesmente resolveram acreditar, apostar e subiram como um foguete. Prosperaram naturalmente, porque essa é a lei da vida: PROSPERAR!
As atitudes explícitas e implícitas de pobreza material e sentimental estão fartamente disseminadas. Os exércitos de pobres de amor e de dinheiro se acotovelam, e grudam uns nos outros como moscas agarrados pelo mesmo visgo de afinidade, para chorar as suas desventuras, e falar mal dos ricos (de amor e de grana). Triste consolo. Assim caminha a humanidade. E dá-lhe guerra, dá-lhe invasão de terra, dá-lhe assalto, seqüestro, golpes, corrupção. Tudo subproduto da incompetência em pegar o trem da prosperidade que sai no horário marcado todos os dias.
Ah você chegou atrasado por causa do trânsito infernal? Ou a sua vó teve de ser levada às pressas ao hospital? O despertador não tocou? Você não acreditou que o trem sairia? Nem mesmo que ele existia? Pois é. Não faz mal por que um dia esse trem sai de novo? Ah sim claro, mas aposto que nesse dia o pneu do seu carro vai furar ou você vai acordar de ressaca e o trem vai sair sem você de novo.
O amor e o dinheiro são energias muito parecidas. Ambos existem em quantidades infinitas no universo, ambos estão disponíveis para TODOS sem exceção. Ambos podem gerar felicidade, alegria, realização e LIBERDADE. Mas ambos exigem do candidato compromisso, ou comprometimento se preferir. Quantos de nós estamos dispostos a isso? De verdade, de corpo inteiro, e alma inteira, de tudo ou nada, incondicionalmente, quantos?
De minha parte acordei. Acabei de jogar fora o meu aparelho de criticar, o meu aparelho de reclamar, o meu aparelho de diminuir, e o de reduzir tudo a pequenas migalhas de sobras de prosperidade.
Finalmente descobri o meu inimigo, o sujeito que me sabotou durante todos esses anos, o vilão da minha novela ainda sem final: Eu mesmo, o meu eu burro que pensava em ser experrrto, o meu eu pobre que pensava em ser espiritualizado, o meu eu pequeno que pensava em ser um paladino das causas perdidas, defensor dos fracos e oprimidos, quando o fraco e oprimido era euzinho. Hoje acordei milionário.
E você vai continuar dormindo?
*principalmente no meu livro Solidão Nunca Mais