por Jocelem Salgado
“Pesquisadores do Centro de Neurobiologia Celular da Universidade de Massachusetts relacionaram uma série de estudos laboratoriais, os quais demonstraram que beber suco de maçã ajudou camundongos a terem melhor desempenho em testes no labirinto e a prevenir o declínio dessa habilidade com o envelhecimento”
Hoje a noticia boa é que o ser humano vive cada vez mais. No Brasil, a expectativa de vida aumentou 8,8 anos entre 1980 e 2003, chegando aos 71,3 anos. Em 2050 o país deverá atingir a média atual do Japão, superior a 81 anos. A má notícia é que, quanto maior o tempo de vida, maior as chances de desenvolvimento de doenças comuns a idosos, entre elas a de Alzheimer.
Estimativas de um estudo conduzido por pesquisadores da Johns Hopkins Bloomberg School of Public Health, mostram que, em 2006 mais de 26 milhões de pessoas no mundo sofreram com o Alzheimer. Esses concluíram também que, em 2050 esse número crescerá para mais de 106 milhões. Assim, 43% das pessoas com doença de Alzheimer deverão ter um atendimento de alto nível, e de custo alto equivalente ao de um lar. As conclusões foram apresentadas na Segunda Conferência da Associação Internacional do Alzheimer na Prevenção de Demências e publicadas no jornal da Associação, Alzheimer’s & Dementia.
Alzheimer: envelhecimento e genética são fatores sem controle
A doença de Alzheimer é a forma mais comum de demência, ou seja, distúrbios cerebrais que afetam a sua capacidade de funcionar eficazmente na vida diária. Os principais fatores para esta doença são genéticos e o envelhecimento (10% das pessoas com mais de 65 anos e 50% das pessoas acima de 85 têm a doença de Alzheimer). Infelizmente, o envelhecimento e a genética são dois fatores de risco que você não pode controlar.
Não se sabe totalmente os mecanismos e o que provoca a doença de Alzheimer ou qual o papel que a genética desempenha na maioria dos casos da doença, embora em casos onde os pais ou irmãos tenham a doença, esse risco aumente. Uma pequena porcentagem dos casos é conhecida ser causada por genes mutantes herdados. Esses fatores de risco não controláveis são um ponto de partida, mas há esperança que hábitos saudáveis possam atrasar ou impedir o aparecimento da doença de Alzheimer.
A busca por soluções para tratamento e prevenção da doença degenerativa é constante em alguns dos principais laboratórios do mundo e há tempos cientistas suspeitam que existam alimentos que possam representar uma alternativa.
Suco de maçã pode ser aliado na prevenção e redução de risco de Alzheimer
Um novo estudo acaba de dar sinal verde a tal estratégia mostrando que o suco de maçã pode ser um aliado na prevenção e redução de risco de Alzheimer.
De acordo com estudo publicado pelo Journal of Alzheimer’s Disease, crescem, cada vez mais, evidências de que podemos tomar medidas, ao longo do envelhecimento, para retardar o declínio cognitivo, (memória, lembranças, etc.) incluindo, em alguns casos, os que acompanham a doença de Alzheimer.
Pesquisadores do Centro de Neurobiologia Celular da Universidade de Massachusetts relacionaram uma série de estudos laboratoriais, os quais demonstraram que beber suco de maçã ajudou camundongos a terem melhor desempenho em testes no labirinto e a prevenir o declínio dessa habilidade com o envelhecimento.
O estudo mais recente demonstrou que ratos que receberam o equivalente ao humano de 2 copos de suco de maçã por dia, durante 1 mês, produziram menor quantidade de um pequeno fragmento de proteína denominada “beta-amilóide”, a qual é responsável por formar as “placas senis”, sendo essas comumente encontradas nos cérebros das pessoas que sofrem de Alzheimer. Segundo os pesquisadores “esses resultados fornecem mais evidências, ligando fatores nutricionais e genéticos a fatores de risco para a neurodegeneração relacionadas com a idade e que o consumo regular de suco de maçã pode não só ajudar a manter um melhor funcionamento da mente, mas também pode ser capaz de atrasar o Alzheimer e aumentar o tratamento terapêutico” (Dietary Supplementation with Apple Juice Decreases Endogenous Amyloid-ß Levels in Murine Brain” by Amy Chan and Thomas B. Shea. Journal of Alzheimer’s Disease 16:1 (January 2009)).
Interessante ressaltar que quando as pessoas pensam sobre saúde, geralmente associam a mesma a partir do pescoço para baixo. No entanto esquecem que a saúde do cérebro desempenha papel crítico em todas as atividades: pensar, sentir, lembrar, trabalhar e jogar – mesmo dormindo. A boa notícia é que os estudos revelam que há muito que se possa fazer para ajudar a manter o cérebro saudável enquanto envelhecemos. Esses passos podem também reduzir o risco da doença de Alzheimer ou outras demências.
Simples modificações no estilo de vida possuem um enorme impacto na saúde pública da nossa nação e do custo dos cuidados com a saúde.
Devemos ter hábitos saudáveis ao nosso cérebro, pois o mesmo, como outras partes do nosso corpo, pode perder algumas agilidades com o envelhecimento, a qual pode ser tornar mais agravante se não o cuidarmos. A ciência revela muitos mistérios do cérebro, no entanto para muitas delas ainda não há respostas. Pode ser que, mesmo fazendo tudo “certo”, continuaremos assim mesmo a não impedir a doença de Alzheimer.
Dicas para a sáude do cérebro
• Fique mentalmente ativo
Atividade mental, como palavras cruzadas, reforça células cerebrais e as conexões entre elas, podendo até mesmo criar novas células nervosas.
• Permaneça socialmente ativo
Faça atividades sociais não somente atividades físicas e mentais, que sejam agradáveis, pois pode reduzir os níveis de estresse, o que ajuda a manter saudáveis as conexões entre células cerebrais.
• Fique fisicamente ativo
O exercício físico é essencial para manter uma boa circulação sanguínea para o cérebro, bem como promover novas células cerebrais. Ele também pode reduzir significativamente o risco de ataque cardíaco, AVC (Acidente Vascular Cerebral) e diabetes, e assim proteger contra os fatores de risco para a doença de Alzheimer e outras demências.
• Alimentação saudável
Pesquisas sugerem que o colesterol elevado pode contribuir para AVCs e lesão celular. Um baixo teor de gordura na dieta é aconselhável. Evidências crescentes de que uma dieta rica em vegetais e frutas escuras, que contêm antioxidantes, pode ajudar a proteger células cerebrais.
Mais informações: www.jocelemsalgado.com.br