por Flávio Gikovate
No texto anterior (veja aqui), expliquei como o medo de possíveis fatalidades no decorrer da vida faz o homem trabalhar não só para o presente, mas também para o futuro, trabalhando assim mais do que o necessário. Neste texto vou aprofundar um pouco mais o assunto.
Assim, a acumulação de riquezas serve às necessidades de sobrevivência, à atenuação dos medos do futuro e à vaidade, pois essa chama a atenção, atrai olhares e permite o exibicionismo com sucesso.
A intromissão da vaidade no processo de produção modificou por completo a maneira como o homem se relaciona com o trabalho e o dinheiro.
O prazer erótico de se sentir destacado e admirado justifica tudo e, imperceptivelmente, passa a ser a recompensa mais ansiada.
Acumular riquezas deixa de ser apenas a busca de segurança para o futuro; passa a ser a meta em si mesma. Tanto isso é verdade, que a ânsia de riqueza de muitas pessoas ultrapassa de longe o montante que ela poderia gastar, mesmo se sua vida durasse 200 anos.
Quanto mais rico, mais admirado, mais valorizado socialmente e, em nossa cultura ainda com ranço machista, no caso dos homens, mais atraente para muitas mulheres, mais invejado pelos homens.
Dessa forma, a acumulação de riquezas ganha cada vez mais uma conotação bem distante daquela relacionada à resolução das necessidades de sobrevivência.