por Dulce Magalhães
“Se a fórmula ambiente, talento e esforço, não garantem sucesso, o que falta?”
Às vezes a gente se pergunta por que algumas pessoas vão mais longe, mais rápido e conseguem melhores resultados do que outras. Diferentes pessoas, vivendo sob as mesmíssimas condições, têm resultados tão variáveis quanto suas digitais. Isso é intrigante, porque todos desejamos ser pessoas que dão certo.
Há alguns fastores como algum tipo de habilidade especial, capacidade de realização e talento para a atividade que se propõe, mas só isso não explica.
Quanta gente talentosa fica estagnada na vida, não se desenvolve, não chega “lá”. É surpreendente quando vamos à Bahia, por exemplo, em toda a esquina tem uma cantora excelente, em São Paulo, esbarramos com poetas e artistas, o Rio está repleto de habilidosos relações públicas etc. Mas nem todo mundo é Ivete Sangalo, Carlos Drummond de Andrade, Juarez Machado ou Celita Jackson – relações públicas.
Não, o talento por si só não explica o sucesso. Talvez seja o esforço acima da média. Entretanto, aí também encontramos dificuldade em formar um padrão. Porque, se por um lado os mais bem-sucedidos trabalham com afinco e determinação, por outro lado, tem gente suando de sol a sol que não decola na vida. Assim o trabalho é um componente mas não determina o sucesso.
Se a fórmula ambiente, talento e esforço, não garantem sucesso, qual o ingrediente que falta? Educação? Não pode ser, tem gente semianalfabeta que revolucionou o mundo. Inteligência? O mundo está repleto de gênios sem nenhuma expressão. Talvez não tenha uma resposta única. Quem sabe é a soma de uma série de condições favoráveis. Mas como explicar o fracasso de grandes herdeiros, apesar de belos, inteligentes, esforçados e dotados de condições excepcionalmente positivas?
Filosofia explica o que separa vitoriosos de mortais
Voltamos à estaca zero, ou quase. Na filosofia clássica encontramos algumas pistas sobre o elã especial que separa vitoriosos de meros mortais. Sócrates falava de crenças que determinam a realidade. Platão dizia que grandes caminhadas começam com a decisão do primeiro passo. Aristóteles afirmava que o ser humano é resultado de seus hábitos, e que a excelência nada mais é do que a gestão disciplinada de nosso comportamento. E ao longo da história muitos pensadores se juntaram a esses, fazendo coro, à ideia básica de que somos nós que moldamos nosso destino.
É também com esses estudiosos do comportamento humano que vamos descobrir mais sobre motivação, que é a capacidade de perseguir alvos, de mover-se em direção à objetivos claros. E a motivação é diferente do incentivo, porque este último é um elemento externo, o mundo nos dá incentivo. Já a motivação é um elemento interno, depende exclusivamente do desejo e da ação do indivíduo. E a motivação é muito mais importante do que o incentivo, porque ela nos permite o movimento necessário para conquistarmos o futuro desejado, enquanto o incentivo só é útil para a pessoa motivada.
Todos conhecemos exemplos de pessoas que venceram grandes obstáculos, pois vieram de famílias pobres, cresceram em comunidades carentes e, apesar de tudo, constituíram um espaço de sucesso e realização.
Você pode verificar esse componente pessoal da motivação, ao comparar a trajetória dessa pessoa com a de outras pessoas que viveram e vivem na mesma comunidade. De um modo geral, as pessoas estão reclamando do governo, da crise, do mundo e aguardando que a situação mude para que, então, elas realizem seus sonhos.
Contudo, a pessoa que temos como modelo motivacional jamais espera por uma mudança, ela vai à luta e constrói a mudança, é uma pessoa em movimento, que vai atrás do que deseja e realiza todos os seus propósitos. A diferença que podemos perceber entre os que dão certo e os que nem tanto, tem a ver com a atitude que o indivíduo coloca em relação a tudo que faz. Essa motivação, essa capacidade de fazer a diferença, é a base da construção do sucesso. Fica evidente que o gerenciamento do talento, a aplicação de esforço e o aproveitamento inteligente de oportunidades são imprescindíveis, mas é a motivação a argamassa que liga tudo isso e dá a consistência necessária para a construção de nossos propósitos.
E essa matéria-prima só nós podemos colocar em uso. Afinal, como disse Henry Ford, “Se você acredita que é capaz, ou se acredita que não é capaz, de qualquer forma você tem razão”. Em que você acredita?