por Gilberto Coutinho
Esta é a segunda e última parte do texto sobre limpeza nasal. Para ler a primeira parte (clique aqui).
Neste texto explicarei a técnica para você poder fazer esta limpeza.
Técnica: limpeza nasal com água
Ingredientes e utensílios:
· ½ litro de água filtrada ou mineral morna (na mesma temperatura do corpo).
· Uma colher, das de chá, cheia de sal marinho (cloreto de sódio).
· Um nêti lôta anatômico (esterilizado), com capacidade de comportar 200 ml de água.
· Uma bacia (para receber a água que passará pelas fossas nasais durante o procedimento de limpeza).
· Lenços de papel.
· Opcional: Extrato de própolis, três gotas; tintura-mãe de Glycyrrhiza glabra (Alcaçuz), cinco gotas; tintura-mãe de Echinacea angustifolia ou purpurea (Equinácea), cinco gotas.
Observação: o extrato de própolis e as tinturas-mãe de Alcaçuz e Equinácea podem ser utilizadas no lugar do sal marinho, e sempre de acordo com as indicações terapêuticas e a posologia aqui indicada; concomitante ou separadamente, na prevenção e no combate das doenças respiratórias, tais como: gripe, congestão nasal aguda e/ou crônica, resfriados, alergias, espirros, sinusite (inflamação aguda, ou crônica, da mucosa que reveste os seios da face), rinite (sinônimo de coriza, inflamação aguda, ou crônica, da mucosa das fossas nasais), catarro, asma e bronquite.
Propriedades medicinais dos ingredientes:
· Sal de cozinha (Cloreto de sódio): dissociado na água, o cloro age como um agente bactericida, e o sódio, como antisséptico (que destrói os germes patogênicos).
· Água morna: apresenta função vasodilatadora, ou seja, ativa a circulação sanguínea local, o que estimula a migração de células de defesa do organismo para a região, melhorando o combate às infecções; e amolecedora de mucos, catarros e impurezas, ajudando na sua remoção.
· Extrato de própolis: é um anti-inflamatório, antibiótico e antifúngico natural.
· Tintura-mãe de Glycyrrhiza glabra (Alcaçuz): é especialmente efetiva no combate das infecções das vias respiratórias. Seus princípios ativos também demonstraram inibir o crescimento de vários vírus humanos em culturas de células, inclusive o Herpes simplex tipo I. O Alcaçuz impede a supressão da imunidade por estresse e cortisona (um dos hormônios secretados pela suprarrenal). Apresenta atividade imunoestimulatória e antibiótica contra estafilococos, estreptococos e Candida albicans.
· Tintura-mãe de Echinacea angustifolia ou purpúrea (Equinácea): indicada como agente anti-infeccioso; no combate de infecções bacterianas, virais e fúngicas, congestão nasal crônica, gripes ou resfriados e septicemias (conjunto de manifestações patológicas devido à invasão de germes patogênicos no organismo, por via sanguínea, provenientes de um foco infeccioso). Imunoestimulante, melhora a migração de leucócitos (células brancas de defesa do sangue) para áreas de infecção. Apresenta propriedades anti-inflamatórias, antibióticas, antivirais, vulnerárias (cura ferimentos), antialérgicas e anticancerígenas. Os extratos da raiz de Equinácea demonstraram possuir atividade igual ao do interferon (substância de ampliação da imunidade, produzida pelas células do corpo) e atividade antiviral específica contra o vírus da gripe influenza, do herpes e da estomatite vesicular. É um antídoto natural contra picada de abelha.
Como preparar a água?
Com uma colher, dissolva bem o conteúdo de uma colher, das de chá, cheia de sal marinho em meio litro de água filtrada ou mineral. Num vasilhame, aqueça a água até ficar morna. Com as mãos limpas, coloque a ponta do dedo indicador na água, durante o seu aquecimento, para se programar a temperatura ideal. Quando a água estiver morna, na temperatura corporal, despeje-a no interior do lôta. Se a água estiver quente, espere-a esfriar por alguns minutos.
Na limpeza nasal, a água salgada deve ser utilizada, preferencialmente, morna. O emprego de muito pouco sal de cozinha na água pode provocar um certo desconforto, quando a água morna passar pelas fossas nasais, enquanto o seu excesso, uma sensação de queimação. Não se deve utilizar uma quantidade maior de cloreto de sódio além da que foi recomendada. A quantidade de sal utilizada, na limpeza nasal, não é suficiente para aumentar a pressão arterial nos hipertensos.
Como aplicar o nêti lota na narina e realizar a técnica?
Limpe e assoe bem o nariz antes de iniciar a aplicação do nêti lôta, removendo possíveis impurezas e mucos.
Sente-se com as pernas cruzadas sobre uma esteira, no chão, e coloque uma bacia a sua frente, bem próximo de suas pernas cruzadas. Ou, então, sente-se numa cadeira e coloque à bacia sobre seu colo.
Incline o tronco para frente em direção a bacia (posicionando a cabeça sobre ela).
Gire a cabeça para um dos lados, mantendo o queixo na horizontal e uma das narinas apontadas, ligeiramente, para baixo e para o centro da bacia.
Abra a boca, mantenha-a aberta e, então, passe a respirar através dela, de forma lenta e tranquila, durante toda a aplicação do Jala Nêti Kriya, seguindo corretamente as precauções.
Introduza, com cuidado, o bico do nêti lôta na narina que se encontra voltada para cima, vedando bem a saída de água por ela. Então, eleve um pouco mais o nêti lota, com o cuidado para não retirar o seu bico do interior da narina, para que a força da gravidade faça com que a água morna e, ligeiramente, salgada passe a fluir para o interior da narina e atravesse a extensa fossa ou concha nasal, removendo as impurezas e os micro-organismos nela presentes.
Quando a água chegar ao final do septo nasal, por força da gravidade, ela entra na cavidade nasal da outra narina (não descendo pela garganta), e sim pela abertura da narina, que se encontra voltada para baixo, em direção à bacia. Prosseguindo o seu percurso, graças à força da gravidade, a água sai pela abertura da outra narina, carregando consigo impurezas e mucos.
Ao terminar a limpeza de uma das fossas nasais (quando, então, a água do interior do nêti lôta acabar), mantenha o queixo na horizontal (em direção ao ombro) e um pouco voltado para baixo, para facilitar a completa eliminação da água contida no interior das fossas nasais. Permaneça nessa posição durante 30 segundos, para drenar bem a água.
Então, inspire profundamente através da boca, enchendo os pulmões de ar, tape a narina voltada para cima com o dedo polegar e, logo em seguida, expire fortemente pela narina voltada para baixo (e apontada para a bacia), expulsando todo líquido contido no interior das fossas nasais e nariz.
Repita esse procedimento de 15 a 20 vezes, para garantir a completa eliminação da água e umidade.
Nenhum resquício de água deve permanecer nas narinas. Logo em seguida, enxugue as narinas com um lenço de papel e repita o procedimento com a outra narina. Para finalizar a técnica, realize o procedimento de expulsão da água, agora, com ambas as narinas, ou seja, inspire através da boca e expire pelas as duas narinas de uma só vez, com a cabeça flexionada para baixo e as narinas apontadas para a bacia. Feito isso, enxugue bem as narinas com um lenço de papel.
Algumas precauções:
· Atenção: Siga as orientações de um professor qualificado e experiente que possa instruí-lo de forma correta e segura.
· Não se deve praticar o Jala Nêti Kriya à noite, alguns minutos antes de deitar, devido ao fato de um resquício de água e umidade permanecer no interior do nariz e, juntamente com a friagem, predispor o organismo ao resfriado e à sinusite.
· Aqueles que sofrem de séria hemorragia nasal (crônica) não devem realizar o nêti.
· Jamais respire pelo nariz durante a realização da limpeza nasal com água, com o auxílio do Lota; pois pode ocorrer um sufocamento e a água entrar nos pulmões. Durante a realização desse método terapêutico, respire somente através da boca.
Benefícios terapêuticos: combate a maioria dos problemas relacionados ao crânio, olhos, nariz e garganta. A membrana mucosa das fossas nasais, todos os nervos da garganta e do cérebro e a visão (fortalece os olhos e melhora a acuidade visual, mediante a estimulação das vesículas sanguíneas dos olhos e nariz e dos ductos e glândulas lacrimais) são beneficiados, e o crânio purificado.
A prática do Jala Nêti Kriya auxilia na prevenção e no combate da sinusite e no combate da dor de cabeça ocasionada por esse mal, pelo fato de drenar os seios paranasais, combatendo o acúmulo de muco e de outras impurezas, mantendo-os limpos e funcionais; mantém saudáveis os mecanismos de secreção e drenagem do ouvido, nariz e garganta; auxilia na remoção de impurezas, da poluição, de micro-organismos patogênicos, de secreções (mucos), de gases tóxicos retidos no interior das narinas e também no combate do resfriado, da gripe, da tosse, da febre do feno (tipo de alergia), da surdez, da asma, da difteria (), da amigdalite, das alergias respiratórias, dos catarros, da caxumba, da depressão, da ansiedade, da insônia, da histeria, da raiva e preguiça; promove o equilíbrio entre as narinas (esquerda e direita), assim como dos hemisférios cerebrais e de todo o sistema nervoso central; propicia clareza mental e harmoniza o fluxo de prana nos canais (nadis) ida, pingala e sushumna.
Número de vezes em que se pode praticar:
O nêti pode ser praticado diariamente, duas ou três vezes ao dia (desde de que se considerem as precauções acima) durante a manifestação de resfriado; sinusite; catarro; dores de cabeça; cansaço e infecções oculares. No entanto, o mais adequado é praticá-lo apenas duas vezes por semana.
Por qual razão a limpeza nasal com água beneficia a visão?
Pelo fato de limpar ou purificar profundamente as membranas mucosas do interior do nariz (removendo as impurezas), afastando a proliferação e a manifestação de germes patogênicos; e por estimular a circulação sanguínea na região do nariz e olhos, beneficiando os nervos oftálmicos, globos oculares e ductos e glândulas lacrimais; também por beneficiar os mecanismos de secreção e drenagem do nariz, orelha e garganta. A principal irrigação do nariz externo é, provavelmente, realizada pelos ramos das artérias faciais e oftálmicas. Já sua inervação cutânea provém de ramos dos nervos aftálmicos e maxilares. Os quatro seios paranasais, que muito podem ser beneficiados por essa prática terapêutica, são inervados por ramos dos nervos oftálmicos e maxilares.
Por que a manifestação da rinite pode predispor a um quadro de sinusite e ambas congestionarem a visão?
A infecção nasal (rinite), tal como se manifesta durante um resfriado, pode disseminar-se para o revestimento dos seios paranasais, produzindo, assim, uma sinusite. Por tal razão, a aplicação correta do Jala Nêti Kriya pode tanto auxiliar no combate da rinite quanto prevenir e combater a sinusite.