por Nicole Witek
As posturas – asanas – são um parte importante da disciplina yoguica, mas tudo começa pelas práticas de higienização.
O corpo, segundo a filosofia do yoga, está incluído em um universo onde constantemente são feitas trocas entre os mundos externo e interno.
Existem até “escolas” de yoga que ajudam a se conscientizar de que, no final das contas, nem existe “dentro” nem “fora”: O “laya Yoga “, apague todas as fronteiras…
Qualquer que seja nossa filosofia de vida, a higiene é a base da boa saúde. Esses processos de limpeza ou “kriyas” tem como meta a expulsão das substâncias tóxicas ou indesejáveis para fora do organismo.
Até certo ponto, o corpo se livra sozinho dos resíduos indesejáveis, os rins filtram o sangue, e através da urina, eliminamos muitos venenos tóxicos, como por exemplo, a uréia. Os intestinos evacuam os resíduos da digestão, as glândulas sudoríparas, através do suor, eliminam resíduos também.
O yoga é um complemento, ajuda a natureza nesses processos.
Porém, existem certos resíduos que o corpo não pode eliminar sozinho, por exemplo, escovamos os dentes várias vezes por dia, lavamos nossa pele… Mas o yoga vai muito além disso.
Hoje vamos estudar principalmente as técnicas de limpeza nasal, ou neti.
Já somos mais do que convencidos de que “viver é respirar”, mas para isso, o nariz também tem que ser higienizado.
O aparelho respiratório secreta um muco, cuja finalidade é manter presas e fora dos brônquios as partículas de poeira em suspensão na atmosfera, que são inspiradas junto com o oxigênio.
Antes de chegar aos pulmões, através de um movimento de vai e vem, pequenos pêlos se encarregam de expulsar essas partículas para fora. Ao limpar o nariz, podemos retirar a maioria dessas partículas que ficaram retidas.
Mas, para os yogis, essa limpeza não é suficiente para garantir um bom funcionamento.
O yoga vai além e divulga para nós algumas técnicas adicionais de limpeza:
– Kapalabathi, que consiste em uma respiração nasal rápida, onde o ar ventilado é pulsado a 37 graus, permitindo assim a assepsia das narinas.
– Técnica do cordão, onde um cordão é passado de uma narina para outra. Mas nós ocidentais temos receio recusamos muitas vezes esta técnica.
– Ducha nasal, esta é uma técnica mais acessível, que substitui a técnica do cordão e permite uma limpeza eficiente das partículas de poeira, sem trauma. Não só limpa como também estimula as terminações nervosas e, via reflexo, estimula também órgãos às vezes até bem longe do nariz.
A ducha nasal mantém a saúde das mucosas em perfeita condição e pronta para assumir seu papel na respiração.
Para o yoga, o nariz é o apêndice mais importante do corpo, já que é ele que permite a captação da famosa energia vital, prana, sem a qual estamos sujeitos a cair na tristeza, na depressão e na doença.
O nervo olfativo e os olhos também são beneficiados, graças a ativação da circulação sanguínea nessa região, em particular a cabeça.
A meta principal do Neti é nos proteger dos resfriados, para qual a indústria farmacêutica ainda não encontrou um remédio e muito menos a cura.
Técnica nasal para higienizar o nariz
Vamos então a técnica da ducha, que é simples e barata, sugerida pelo yoga:
Encha uma tigela com água morna e pegue um pote com sal. Você não vai precisar de nada mais que isso. A água precisa estar morna, pois é mais agradável e porque ajuda na limpeza do muco.
Se a água não estiver salgada, pode causar sensações desagradáveis, portanto, acrescente uma pequena colher de chá de sal na água. Isso irá ajudar no equilíbrio osmótico entre a mucosa e o meio interno dos tecidos.
Aconselhamos a fervura da água antes do uso, eliminando-se assim os riscos de infecções.
Segure a tigela na horizontal e coloque as duas narinas dentro da água. Não inspire a água como se estivesse inspirando ar, pois ela entraria com muita violência. Faça um leve movimento como se estivesse engulindo a sua saliva e a água subirá lentamente para o nariz. Depois de algumas pequenas aspirações, você vai sentir o sabor salgado no fundo da garganta.
Evite que o ar entre ao mesmo tempo que a água, isso deixa a prática desagradável.
Pare de aspirar a água, espere alguns segundos e no lavabo ou mesmo no chuveiro, deixe a água escorrer do nariz… Recomece então a operação.
Depois de três vezes ou mais, faça algumas expirações forçadas, para que o restante da água seja retirada dos cornetos do nariz.
Vou contar um segredo pessoal para facilitar essa operação: preparo essa água em um frasquinho tipo ketchup ou mostarda e deixo na prateleira do chuveiro, ou uso um spray que eu trago da França (compro na drogaria – STERIMAR). A vantagem do spray é que além de conter água salgada, contém oligoelementos. Se você viajar para lá, eu recomendo comprar.
Feito! É só isso!
Simples! Gratuito! Eficiente!
Feliz nariz de inverno.