Por Karina Simões
Queria deixar um recado pra vocês. Tem gente que pede socorro fazendo silêncio, sabiam?
Muitas dores são sentidas e camufladas com o silêncio das palavras. O número de pessoas com depressão que nos procuram e atendemos na clínica só cresce infelizmente.
Lentamente a pessoa depressiva diminui a produção de serotonina e de noradrenalina no cérebro, e, assim, a vida vai ficando sem graça e sem prazeres. As dores vão sendo caladas pelos que não procuram ajuda. Desse modo, não podia deixar de conversar uns minutinhos com vocês aqui sobre a temática: suicídio! Pois é, muitas vezes, é nesse momento que essa opção vem à tona com os pensamentos disfuncionais das pessoas em sofrimento.
Escutar alguém falar sobre a desvalia da vida, sobre a falta de motivação para viver e de seguir em frente, ou que quer desistir da vida, ou até mesmo o oposto disso, ou seja, um silêncio que chega, muitas vezes, a machucar os outros ao redor, são sinais de alerta! A preocupação aumenta quando o desejo de morrer está ligado à vontade de se matar.
Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), o suicídio precisa “deixar de ser tabu”. Segundo estatísticas do órgão, tirar a própria vida já é a segunda principal causa da morte em todo o mundo para pessoas de 15 a 29 anos de idade – ainda que, estatisticamente, pessoas com mais de 70 anos sejam mais propensas a cometer suicídio. Por conseguinte 800 mil pessoas cometem suicídio todos os anos. Para cada caso fatal há pelo menos outras 20 tentativas fracassadas.
No Brasil, o índice de suicídios na faixa dos 15 a 29 anos é de 6,9 casos para cada 100 mil habitantes.
Todos esses dados nos deixam estarrecidos, pois são números altíssimos que, muitas vezes, ficamos paralisados com a tamanha falta de sentido de vida que tantos ainda sentem.
Que possamos enxergar mais essas dores não vistas. Que sejamos capacitados cada vez mais, como seres humanos, de julgarmos menos sobre quem se foi e quem fica. Porque tanto um como o outro precisam mesmo de ajuda e acolhimento emocional.
Convido você a refletir junto sobre a vida e a morte bem como sobre de que forma podemos ter um olhar diferenciado e acolhedor por quem tanto precisa de nós! E lembre-se sempre: tem gente que pede socorro fazendo silêncio!