Por Anette Lewin
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“Sempre vejo conhecidos meus, incluindo amigos e parentes da minha idade, que já perderam a BV e até mesmo a virgindade com idades inferiores à minha. Isso me deixa triste, deprimido, nervoso e com inveja das outras pessoas. Até pouco tempo atrás, eu era mais introvertido e fui apenas me soltando um pouco mais agora. Já tentei conversar com algumas meninas no WhatsApp, mas nada deu certo: ou elas já namoravam ou não gostavam de mim. Isso tem piorando cada vez mais a situação. Para tentar resolver esse problema, eu tento parecer mais adulto, como por exemplo, bebendo álcool e dormindo mais tarde, pois para mim é a única solução desse problema. Crio um sentimento de ira com as pessoas que namoram ou já casaram, algo que é alimentado pela inveja. O que eu faço?”
Resposta: Você já reparou que todo esse seu sofrimento acontece unicamente porque você está se comparando aos seus amigos? E mais: você só está olhando para os que já conseguiram as grandes ”metas”: beijar ou transar. Certamente existem os que, como você, também são BV, não é?
Assim, a primeira questão é: quando você se comparar a um grupo, é importante que você leve em conta todo o grupo e não apenas os que tiveram “sucesso”. Porque dessa forma você se sentirá sempre perdedor. E essa comparação servirá mais para rebaixar sua autoestima do que para ajudar você.
Segundo ponto: embora referências sejam importantes na sua idade, cada pessoa, no seu caso, cada adolescente, tem um ritmo próprio de desenvolvimento. Assim como uns desenvolvem primeiro uma capacidade intelectual e depois uma capacidade de se relacionar amorosamente, outros aprendem a paquerar mais cedo mas vão mal na escola. Assim a pessoa, numa autoavaliação, deve levar em conta o desenvolvimento de todos os seus aspectos e não focar apenas naquele que não deu certo. Por exemplo: você se expressa muito bem, fala com clareza dos seus sentimentos e sabe concatenar bem suas ideias. Certamente, existem colegas seus que não são tão desenvolvidos na expressão verbal. Assim, se quiser comparar, compare vários aspectos seus, não só os menos desenvolvidos.
Vivemos numa sociedade muito competitiva e, muitas vezes, competimos por coisas que nem queremos ou precisamos. Nesse sentido, pare para pensar o que alguém ganha sendo o primeiro a deixar de ser BV. Garantia de sucesso no futuro? Possibilidade de gabar-se frente aos outros? O melhor relacionamento do mundo? Nada disso! Apenas experimentou uma sensação antes dos outros. O que, aliás, nem sempre é tão bom assim.
Deixar de ser BV sem estar preparado física e emocionalmente para isso muitas vezes pode deixar marcas desagradáveis ao invés de trazer uma sensação de bem-estar por um desafio vencido.
E por falar em desafio, tente descobrir através de seus acertos e erros o que é paquerar para você. Descubra qual a menina que você acha interessante e aproxime-se dela através do seu jeito se ser. Não adianta tentar ser quem você não é. Certamente, uma hora você vai encontrar alguém que goste desse seu jeito mais introvertido e que consiga ver em você uma pessoa interessante. O que não pode é desistir ao primeiro não e parar de tentar assim que a conversa no Whats entrar em pausa. Não tem mais assunto? Puxe um! Sentiu que a menina não se entusiasmou com sua última frase? Puxe o assunto para outro lado. Uma hora você vai conseguir entabular uma conversa mais espontânea e, quem sabe, convidar a menina para um primeiro encontro.
Finalmente, lembre-se que seus sentimentos são sinalizadores que podem ajudá-lo a se conhecer melhor e atingir seus objetivos. Sentir tristeza, inveja ou ira, como você descreve, não causa grandes danos desde que você não se deixe dominar o tempo todo por esses sentimentos e use-os a seu favor.
Você sabe que a ira que sente em relação às pessoas é porque elas conseguiram o que você mais quer no momento, não é? E não por que elas são más. Você não vai prejudicá-las por isso, não é?
Então, depois de constatado seu sentimento e o que o provoca, esqueça e continue focado em seu objetivo. Em algum momento surgirá a primeira luzinha no fim do túnel.
Atenção!
Este texto não substitui uma consulta ou acompanhamento de um psicólogo e não se caracteriza como sendo um atendimento.