por Margareth dos Reis
Depoimento de um leitor:
“Minha família descobriu recentemente um certo "affair" que tive com um garoto. Meu pai, o mais rígido, já me perguntou várias vezes se sou gay ou bi: digo que sempre fiquei com mulheres. Ele quer fazer uma reunião familiar pra falar disso. Eu só tenho 18 anos, não sei o que sinto, estou confuso, sinto atração pelos dois sexos, mas não consigo dizer pra minha família, não tenho coragem. Eles botam uma verdadeira pressão pra cima de mim. Já pensei em fazer besteiras. Isso nunca aconteceu comigo. Estou com sentimentos ruins. Me ajude por favor?”
Resposta: Muita calma nessa hora! Vamos começar pelo seu sentimento de insegurança ao perceber a sua intimidade exposta à sua família, o que é algo muito ameaçador na adolescência. Essa é uma fase de descobertas e questionamentos em relação a muitas coisas com as quais o adolescente depara, e a expressão da sexualidade faz parte desse processo.
As reações emocionais ligadas à autopercepção da orientação afetivo-sexual homo ou bissexual podem ser intensas e muito assustadoras, especialmente, quando a pessoa se percebe questionada a respeito do assunto.
Cabe esclarecer que, algumas pessoas revelam terem tido clareza quanto à orientação sexual desde muito cedo em suas vidas, porém, outras não. O medo de reprovação por parte da família costuma ser um desafio adicional nessa vivência.
Os pais são os principais educadores dos filhos, mas em geral, por não terem lidado com essas questões na educação deles, podemos pensar em um diálogo mais difícil quando envolve esse tema. Dessa forma, o caminho precisa ser construído em conjunto (pais e filhos), passo-a-passo.
Releva lembrar que a orientação afetivo-sexual não é uma escolha, e que sua confirmação se impõe na vida adulta. Assim, aproveite para experimentar acolher o que o seu pai tem para lhe dizer e procure expressar a ele o quanto você precisa da compreensão dele (e da família) para entender melhor os seus sentimentos e conseguir realizar uma transição mais segura para a idade adulta.
Atenção!
Este texto não substitui uma consulta ou acompanhamento de um psicólogo e não se caracteriza como sendo um atendimento.