É impossível compartilhar tudo. Existem sentimentos que, se compartilhados, mais podem prejudicar do que ajudar a relação.
E-mail de uma leitora:
“Não me sinto confortável em compartilhar os meus sentimentos com o meu namorado e noto essa frieza nele também. O nosso sexo é bom, mas não me sinto íntima dele. O que precisamos fazer para mudar isso? É comum isso acontecer num relacionamento? Dá pra me ajudar? Muito obrigada!”
Resposta: Compartilhar sentimentos com outras pessoas não é, nem deve ser mandatório em qualquer relacionamento. Existem pessoas que gostam de guardar sentimentos para si mesmas, outras que gostam de compartilhar, e outras que gostam de despejar seus sentimentos no outro e sair correndo. As duas primeiras formas são perfeitamente aceitáveis. A terceira é questionável. Mas ninguém é obrigado a ser depositário dos sentimentos alheios por muito tempo. É só colocar limites.
Quando se estabelece um relacionamento amoroso com alguém, estabelece-se também as bases desse relacionamento. Certamente, alguma coisa vai ser compartilhada, mas nem sempre o casal é obrigado a abrir, de forma explícita, o que sente. Aliás, casais que falam demais dos seus sentimentos podem acabar com o relacionamento pelo excesso de DRs sem solução. Afinal, cada um sente de um jeito, não existem sentimentos certos ou errados. O que existe são atitudes certas a serem tomadas frente ao sentimento do parceiro.
Como compartilhar o que sente com o seu namorado
Se você e seu namorado são mais reservados, a princípio tudo certo. Mas, se você se sente incomodada com isso e quer mudar, sempre vale uma conversa expondo essa sua preocupação. Lembrando, porém, que é impossível compartilhar tudo. Existem sentimentos que, se compartilhados, mais podem prejudicar do que ajudar a relação.
Então, pense bem no que quer compartilhar e para que quer compartilhar. Se, como você diz, quer se sentir mais íntima de seu namorado, às vezes a cumplicidade de um olhar pode ser mais eficaz do que um monte de palavras ordenadas logicamente. A intimidade está mais no que se faz junto do que no que se fala.
Sentimentos são únicos e, mesmo quando compartilhados verbalmente, não traduzem sua importância na vida da pessoa que os sente. Quando alguém diz a um parceiro amoroso: “eu estou triste porque você não quis me ouvir”, esse parceiro pode entender sua tristeza como um sentimento passageiro, quando para você, essa tristeza por não ser ouvida pode ser o grande trauma da sua vida. Todo mundo sabe o que é estar triste. Mas nem todo mundo sente tristeza com a mesma intensidade. Assim, a verbalização do sentimento não bastará para esclarecer a dimensão real desse sentimento.
Então, cara leitora, se quiser aprofundar seu relacionamento, comece a falar, aos poucos, de você. Do que você sente. Veja como seu parceiro reage e, se sentir que valeu a pena, continue. Evite, porém, cobrar que ele fale dos sentimentos dele. Espere a iniciativa partir dele mesmo. De nada adianta forçar alguém a falar de sentimentos, mesmo porque, muitas vezes nem nós mesmos entendemos o que estamos sentindo.
E para além do verbal, procure a cumplicidade e a intimidade nos gestos, nos olhares, nos sorrisos, nas atitudes. A intimidade que você procura pode estar ali.
Atenção!
Esta resposta (texto) não substitui uma consulta ou acompanhamento de uma psicóloga e não se caracteriza como sendo um atendimento.