por Anette Lewin
“Muita das vezes sinto que não sou amado. Sei que todos ao meu redor se importam realmente comigo, mas essa sensação persiste. Tenho um sentimento de abandono e não consigo me imaginar namorando e um dia tendo uma família. O que posso fazer para mudar esta minha percepção?”
Resposta: Sentimentos de solidão são comuns a todas as pessoa. Afinal, a solidão não passa da mais pura realidade na nossa vida. Somos sós porque somos únicos.
Cada um de nós traz dentro de si uma fórmula impossível de ser reproduzida ou compreendida na íntegra.
Mesmo cercados de pessoas, os momentos de verdadeira troca não acontecem a todo instante. Em geral, estamos mais ligados em nós mesmos, nas nossas sensações, nas nossas ideias e nas nossas emoções. Isso porém não significa que sentir-se só seja ruim. Muito pelo contrário. Precisamos de nossa solidão e de nossa introspecção para o autoconhecimento, atitude imprescindível para nos sentirmos donos de nossas vidas, até onde isso é possível.
Você associa solidão a abandono e associa abandono à impossibilidade de ser amado. Será que esses conceitos realmente mantêm entre si um vinculo tão próximo?
Talvez valha a pena, num primeiro momento, tentar uma dissociação entre estar acompanhado e ser amado. Se você percebe que as pessoas gostam de você, mas não consegue entender emocionalmente esse sentimento, talvez seu conceito de amor esteja um tanto corrompido; talvez esteja vendo o amor como uma coisa pronta que implica numa ligação quase simbiótica entre duas pessoas, o que não é real.
Amor não é uma união simbólica entre duas pessoas, mas uma construção
O amor se constrói aos poucos e chegar à sensação de ser amado leva bastante tempo. Qualquer interesse que alguém possa nutrir por você tem que ser trabalhado para virar amor. No inicio pode não passar de uma leve sensação de identificação, frágil, e que pode se desfazer facilmente por obra do acaso ou de um vazio momentâneo. Assim, tente ser mais ativo na manutenção dos relacionamentos que realmente lhe interessessam para afastar essa sensação de ser abandonado. Talvez, no fundo, é você quem realmente abandona suas conquistas, suas vontades e seus objetivos. Lutar por eles certamente mudará sua forma de percebê-los.
Saber quais pessoas você realmente quer por perto e quais é obrigado a suportar por questões sociais ou profissionais tambem ajuda bastante. Muitas vezes estar cercado de pessoas que gostam de você não basta. É importante que você também possa escolher pessoas que realmente acrescentem algo a você e possam, consequentemente, fazer você sentir que a relação vale a pena. Mesmo que seja mais fácil aceitar apenas o que os outros querem oferecer a você, a escolha, o caminhar em direção a um sonho ou um objetivo fazem toda a diferença na sensação de plenitude afetiva.
Relação entre autoestima e importância dos outros
Por fim, continue, como você já vem fazendo, a questionar seus conceitos e percepções constantemente para ver se eles ainda são válidos. Muitas vezes a fórmula que nos era útil em uma fase da vida perde sua validade em outra. Talvez, sentir-se importante para os outros já teve seu valor na fase de formação de sua autoestima, mas agora seja mais importante entender quem é importante para você, para formar seu circulo de amigos e criar uma familia. Pense nisso.