Por Rosemeire Zago
Todas as emoções que causam doenças têm um fator em comum: a tensão emocional, que é a primeira fase do processo de adoecer. Em geral, quando falamos em tensão, as pessoas relacionam a conflitos, coisas ruins, o que nem sempre coincide com a realidade. Estudos mostram que todo acúmulo de acontecimentos que exijam ajustes pessoais profundos, constitui fonte de tensão, sejam estes bons ou maus. Isso foi confirmado ao pedirem para algumas pessoas anotarem ao longo dos dez últimos anos, todos os acontecimentos importantes ocorridos em suas vidas. Suas listas foram comparadas com suas histórias médicas. Em todos os casos, o ano em que haviam sido registrados vários acontecimentos significativos foram seguidos por alguma doença.
A relação entre os acontecimentos geradores de tensão e as doenças baseia-se no funcionamento do sistema imunológico do organismo. O medo, a agitação e a tensão gerada são fatores capazes de enfraquecê-lo. Tais acontecimentos são ainda capazes de alterar a produção de hormônios. Não só a tensão, mas também a ansiedade preparam o organismo inteiro para enfrentar situações sentidas como perigo, seja ele real ou imaginário.
Toda situação que nossa mente interpreta como ameaçadora, nosso organismo reage. O coração bate mais rápido e mais forte, de forma que mais sangue seja fornecido aos músculos; a respiração se acelera; as pupilas se dilatam; todas essas alterações preparam o organismo para dois instintos básicos: lutar ou fugir. Para isso ocorrer não é necessário que haja um perigo real, mas qualquer mudança ou ameaça ao estado de equilíbrio, por isso que mesmo um evento positivo pode acarretar estresse e todas suas reações.
Essa descarga da tensão gerada pela sensação de perigo ocorre principalmente sobre a musculatura lisa, ou seja, que não depende de nossa vontade, que é a musculatura responsável pela movimentação do estômago, intestino, artérias e coração (esse último, o músculo não é do tipo liso, mas não obedece ao consciente). Por isso que com a repetição desse mecanismo ao longo da vida, podemos adquirir gastrite, úlcera, pressão alta, mau funcionamento do intestino, infarto, entre outras.
O causador de doenças criadas pelas situações estressantes dependerá do tipo e da intensidade do estresse mas, sobretudo, a forma pela qual reagimos aos acontecimentos da vida e a maneira como os interpretamos e sentimos que, mais que o acontecimento em si, nos provoca a doença. Mas qual a razão do aparecimento de um sintoma/doença e não outro? Já sabemos que o organismo se altera de várias maneiras sob a influência da tensão emocional. Mas qual o fator de alguém adoecer de úlcera, e não de infarto, e outro sofrer de asma?
O simbolismo é considerado o principal responsável pela escolha dos sintomas. O inconsciente relaciona universalmente a função de cada órgão de nosso corpo a uma emoção equivalente. Ou seja, há uma relação do valor simbólico do órgão com o conflito psíquico, mas devemos considerar mais alguns fatores determinantes para o desenvolvimento de uma doença:
– Fatores predisponentes: de natureza genética ou adquirido
– Fatores desencadeantes: relacionados ao estilo de vida (hábito alimentar, consumo de álcool e fumo, tipo e duração do trabalho, atividades físicas ou sedentarismo, vida sexual, lazer, relacionamento familiar e afetivo, religiosidade, escolaridade, posição social) e às condições do meio ambiente (alterações climáticas, condições sanitárias, poluição, etc).
Quando existem esses fatores somados aos já citados, como fuga, incapacidade de expressar as emoções, desejo de autopunição, necessidade de atenção e estresse, ocorrerá um desequilíbrio interno gerando todas as fases do adoecer (leia mais).
Resumindo: existe no organismo de cada pessoa um órgão menos resistente, que designa uma fragilidade genética em determinado ponto do organismo, que frente a alterações emocionais repetidas desencadeará alteração celular com posterior destruição. Isso explica porque cada pessoa desenvolve diferentes sintomas frente ao mesmo tipo de estresse. Uns enfartam, outros têm asma…
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É como se quando adoecêssemos, inconscientemente, elegêssemos um órgão para externalizar a doença de todo nosso ser, que não conseguimos expressar de outra forma. O sintoma físico é um grito de socorro e uma tentativa de expressar seu sofrimento e também a esperança de ser socorrido.