Tentar controlar a vida e resistir a mudanças pode trazer sofrimento

Patricia Gebrim

 

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“Mesmo quando nos acreditamos cheios de raízes, solidamente sentados nesse lugar que nos parece bom e confortável, é preciso lembrar que nunca seremos capazes de controlar a vida”

Posso dizer, sem medo de errar, que a premissa dessa vida é que tudo muda, sempre. Por mais que tentemos parar o tempo, prolongar eternamente os bons momentos, buscar garantias de que tudo permanecerá da forma como queremos, isso é impossível.

– Devemos desfrutar o momento.

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Em nossa ignorância ou imaturidade, acreditamos que podemos ludibriar a vida e fazê-la dobrar-se a nossos caprichos. Empregamos uma energia preciosa nisso, tentando com todas as nossas forças controlar o futuro, de forma que não nos frustremos, de forma que as coisas aconteçam exatamente como acreditamos que devam acontecer. Desgastamo-nos tentando controlar pessoas e situações. Assim, jogamos fora uma energia preciosa, que poderia ser muito melhor utilizada se vivêssemos, com plenitude, cada momento de nossas vidas.

Ao invés de nos entregarmos à sabedoria maior que mora em nós, que confia e flui com a vida (Seja feita a vossa vontade!), damos todo o poder a essa parte pequena e egoica de nosso ser, que não sabe que faz parte de algo maior, mais sábio e harmonioso.

Desvinculado da fonte divina, o ego se transforma em um pequeno ditador que nos quer fazer dobrar às suas vontades, feitas de ignorância e tirania. E lá se vai a nossa chance de fluir confortavelmente pelo rio da vida. Sofremos, pois de certa forma nos desconectamos do fluxo harmonioso que só a alma conhece.

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Nessa vida feita de tênues fios que se fazem e desfazem. Há que se ter asas. Mesmo quando nos acreditamos cheios de raízes, solidamente sentados nesse lugar que nos parece bom e confortável, é preciso lembrar que nunca seremos capazes de controlar a vida. Tentar controlar a vida significa reduzi-la a uma ínfima parcela do que poderia ser, reduzi-la ao que possamos manejar…

– Quanto desperdício!

E ainda assim, acreditem, mesmo quando tentamos aprisionar a vida sob um copo, eis que ela teimosamente se desfaz e escorre por baixo das bordas para longe de nossos dedos ansiosos. E, de mãos vazias, frágeis e nus como viemos ao mundo, talvez atônitos com a desobediência da vida, finalmente desistimos… De saber, de controlar, de resistir.

É quando começamos a dançar o momento. E eis que aos poucos a harmonia se instala, sem esforço, sem cansaço, sem suor. Tudo fica muito mais leve e divertido assim.