por Renato Miranda
A manifestação esportiva se resume no desempenho do atleta nas competições. Aspectos físicos, técnicos, táticos e psicológicos são avaliados (publicamente e sumariamente!) em regime de competição.
Notadamente quando um (a) atleta é referenciado (a) como destaque em alguma modalidade esportiva por seu desempenho, quase na totalidade dos casos a disciplina é mencionada para justificar o dito sucesso.
Disciplina representada por dedicação aos treinos árduos e comportamento positivo do (a) atleta; moldado pelo respeito a todos, autocontroles das ações (aquilo que tem de ser feito sem a necessidade de supervisão externa), determinação em sempre fazer bem feito o que se espera do mesmo e segurança nas atitudes, dentro e fora do ambiente esportivo.
Assim sendo, treinadores de jovens atletas desde o momento da iniciação esportiva, tendem a promover a importância da disciplina como pré-requisito para o desenvolvimento no esporte.
Treinadores que se preocupam em fomentar o valor da disciplina possuem, entre outras características: boa liderança, criatividade, autenticidade, transmitem conhecimento e são autodisciplinados.
Com o passar do tempo é desejável que atletas assumam esses valores e se tornem modelos e bons exemplos para muita gente. No entanto, nem sempre isso acontece. Seja por que nem sempre se encontram treinadores com tais características ou o (a) atleta por um motivo ou outro, não repercute um comportamento que possa vir a ser modelo de disciplina.
No esporte profissional, dito de alto nível, projeta-se a esperança de se verificar bons exemplos. Isso se deve, pois, toda atividade ou profissão que é exercida em alto nível, sugere-se que para exercê-las só seja possível depois de muita dedicação, esforço contínuo, persistência e desenvolvimento.
Todavia em muitos acontecimentos esportivos profissionais não observamos atletas se comportarem de acordo com o que se espera de um atleta de alto nível.
Não me refiro à indisciplina decorrente do comportamento frente o adversário ou a tentativa de burlar as regras do jogo. É essa indisciplina também, mas a mesma é reprimida pela arbitragem e o regulamento das competições.
Porém, há uma indisciplina, que por vezes fica longe das câmeras, e é observada apenas por poucos, notadamente por aqueles que estão ao vivo e próximos do local da disputa: campo e quadra principalmente.
Falo do comportamento de alguns atletas em relação aos seus companheiros, técnico e adversários. Recentemente, presenciei em um ginásio um atleta profissional, que estava no banco de reservas, falar mal do próprio técnico com frases e palavras incompatíveis como: "técnico burro", "não sabe o que fala", "depois quer que eu entre e resolva tudo" e outras frases desse tipo.
No mesmo jogo, outro atleta se dirigia ao mesmo técnico quando esse solicitava um tempo (time out), aos gritos e palavrões. Ou seja, era um exemplo de total indisciplina. Como era um jogo entre profissionais conhecidos (e famosos!) o ginásio estava cheio e com muitas crianças assistindo. As cenas que descrevi brevemente ocorreram a poucos metros de uma parte da torcida.
Portanto, transmitir os valores positivos da disciplina é tarefa de treinadores de jovens atletas. Por sua vez, esses atletas ao assimilarem e incorporarem em suas vidas tais valores não deveriam perder na fase adulta (principalmente os profissionais), a oportunidade de exemplificarem o quanto é nobre o exercício da disciplina.
Por fim, voltando à cena descrita: o atleta que estava ironizando e ofendendo o técnico entrou no jogo. Resultado? Foi muito mal!