por Flávio Gikovate
“Não temos garantia de nada na vida. É muito difícil conviver com essa realidade sem aflição, tensão e amedrontamento”
Se um menino percebe que outra criança é capaz de correr mais depressa do que ele, que é mais hábil em alguma atividade, ou mais alta apesar de ser da mesma idade… poderá se sentir inferior a ela.
Estimuladas pelos pais e pela nossa cultura, as comparações entre seres humanos começam desde cedo e não param nunca mais. São responsáveis pela perpetuação de sensações de inferioridade em todos nós.
Sempre encontraremos pessoas que têm atributos que não temos e ao nos compararmos, nos sentiremos com menos valor em relação a elas.
A razão é muito sofisticada. Essa é capaz de criar ideias que se transformarão depois em objetos, que nos permitirão viver melhor do ponto de vista prático, e também é geradora de inevitáveis tensões internas.
A partir de um nível de conhecimento acumulado em nossa mente, passamos a ter uma inquietude quase inexorável. Nós podemos fazer planos para o futuro, mas podemos também nos preocupar com nossa situação em relação a ele. Podemos estar com boa saúde, mas sabemos que poderemos ficar doentes a qualquer momento. Sabemos que poderemos morrer de uma hora para outra. Isto nos deixa permanentemente inseguros, que é a nossa condição efetiva. Não temos garantia de nada.
Estamos ricos e poderosos e ficamos pobres.
Estamos felizes no amor e poderemos ser abandonados mais adiante.
É muito difícil que consigamos conviver com essas realidades sem nos afligirmos, sem ficarmos tensos e amedrontados.