Por Regina Wielenska
Na quinzena passada (veja aqui), escrevi sobre o que caracteriza um ataque de pânico. E se os ataques se repetirem e isso passar a prejudicar a vida da pessoa, provavelmente estamos frente a um caso de transtorno de pânico.
No entanto, vale mencionar que um ataque pode se dever a causas outras, como um tumor cerebral, por exemplo, (um evento de baixíssima chance de ocorrência, felizmente). Por tal razão, é fundamental fazer uma criteriosa avaliação clínica do paciente acometido por ansiedade aguda repetidas vezes, sem razão aparente. Aí não diremos ser um caso deste de transtorno de pânico.
Uma complicação frequente dos ataques de pânico é a agorafobia, em que a pessoa passa a temer os contextos nos quais ocorreram os ataques. Se passou mal no supermercado, passa a evitar esse local ou outros similares. Sem tratamento adequado e com o agravamento do quadro clínico, ocorre uma restrição dos locais frequentados pela pessoa. Desenvolve-se uma forte dependência de pessoas próximas, a quem se pode recorrer caso sinta-se mal ou tema vir a experienciar um desconforto.
Box do banheiro só de porta aberta, se for ao cinema ou teatro a pessoa escolherá ficar perto da saída. Túneis, metrô, escadarias fechadas, elevadores, ônibus cheio ou que não abre a janela, aviões, filas, shows e aglomerações, tudo isso e muito mais pode ser riscado da vida daqueles acometidos por pânico. Uma coisa é certa, quanto mais restrições se fizer, pior a qualidade de vida, as perdas (sociais, acadêmicas, profissionais) vão se acumulando e a vida se torna estéril, limitada, sem sabor e governada por um medo intenso, difuso, devastador.
Convido vocês a lerem um capítulo chamado Grace, do livro Vencendo o medo, escrito pela psicóloga Jerilyn Ross, da Editora Ágora. Trata-se da história de uma cliente da autora, agorafóbica tão grave que viveu por décadas dentro de um apartamento, sequer pisando na portaria do prédio. Houve solução para ela. Leiam!
Na próxima quinzena continuarei nossa conversa.