por Gilberto Coutinho
Considerada uma piodermite – infecção cutânea aguda por germes que provocam a formação de pus (piogênicos), a furunculose é um estado caracterizado pelo aparecimento simultâneo ou sucessivo de vários furúnculos disseminados em diversas partes do corpo.
Os principais micro-organismos causadores das piodermites são os estafilococos e os estreptococos (Streptococcus pyogenes).
Causada por Staphylococcus aureus, gênero de bactérias gram-positivas com forma arredondadas normalmente encontradas na pele, o furúnculo (do lat. furunculus) é uma infecção cutânea que acomete o folículo pilossebáceo, a glândula sudorípara e o tecido subcutâneo adjacente; o que em geral ocasiona grande sensibilidade, dor local e quando grave pode causar febre baixa.
O verão é a estação propícia para o aumento da incidência de piodermites, pois o calor e a umidade favorecem o desenvolvimento daqueles microorganismos patogênicos.
O furúnculo caracteriza-se por uma lesão produzida por uma inflamação circunscrita da pele e do tecido celular subcutâneo. Inicia-se por uma elevação avermelhada, dolorosa, que aumenta no decorrer de três a cinco dias, e depois apresenta em seu centro uma zona esbranquiçada que, após a ulceração, libera pus e uma substância morta (massa necrótica), o carnegão (carnicão). A secreção purulenta dura dois ou três dias, seguindo-se ao fechamento da ulceração.
Os furúnculos do lábio superior e da asa do nariz podem ser mais difíceis de serem tratados devido a suas possíveis complicações.
O agrupamento de dois ou mais furúnculos é conhecido como antraz ou carbúnculo. As regiões mais comumente acometidas são as pilosas expostas à fricção, à pressão, ao calor e à umidade: nuca (pescoço), face, nariz, axilas, antebraços, membros inferiores, região inguinal (virilhas), glútea (nádegas) e costas.
Em alguns casos, embora possa não ter uma causa particular explícita, a furunculose, que pode ser epidêmica, também pode ser uma indicação da existência de doenças subjacentes: desordem do sistema imunológico, distúrbios sangüíneos, desnutrição, diabetes mellitus, obesidade, nefrite, enfermidades debilitantes etc. Alguns fatores predisponentes: alcoolismo, hábitos dietéticos nada saudáveis, desnutrição, diabetes mellitus, obesidade, disfunções do sistema nervoso central, discrasias sangüíneas, distúrbios da função dos granulócitos neutrófilos, dermatite atópica, infecção com imunossupressão induzida pelo HIV-1, imunosupressão iatrogênica, etc.
Nos casos graves, recorrentes e em que a lesão se encontra no pescoço ou na cabeça, um profissional qualificado deve ser consultado tão rápido quanto possível, pois a infecção bacteriana pode disseminar-se pelos tecidos subcutâneos (celulite) ou para a corrente sangüínea (bacteremia).
As crises recorrentes de furúnculos são mais comuns em homens jovens, no entanto, podem também ocorrer nos maduros; normalmente, indicam uma forma altamente infectiva, sistema imune deprimido, desordens dos elementos figurativos do sangue, hábitos alimentares nada saudáveis, deficiências nutricionais, intoxicação orgânica, alergias ou intolerância alimentares, consumo excessivo de açúcar e de outros carboidratos refinados, exposição a produtos químicos industriais, má higiene etc.
É importante o combate aos furúnculos, porque alguns deles, se não cuidados, podem conduzir ao desenvolvimento de outros, ou à septicemia generalizada (contaminação do sangue). O tratamento consiste em melhorar a imunidade, combater o processo infeccioso, a existência de doenças subjacentes e, ocasionalmente, a incisão do furúnculo para drenagem (sangria), a qual auxilia na eliminação da dor e da estase de sangue, apresenta propriedades antiinflamatórias, antipiréticas (antifebris), descongestionantes e acelera o processo de cicatrização.
Com o advento dos antibióticos, chegou-se a pensar num estado livre de infecções. Grande engano, uma vez que as bactérias podem sobreviver à antibioticoterapia e muitas delas desenvolverem resistências. Portanto, é importante que se conheçam e se desenvolvam alternativas efetivas, como as da naturopatia, que não prejudiquem o organismo e auxiliem na melhoria da imunidade e no combate das infecções.
Terapêutica
Sob a orientação e o acompanhamento terapêutico, o tratamento naturopático envolve: rigorosa limpeza corporal (o uso de sabonete bactericida, com atenção especial para a lavagem das lesões e das regiões das axilas e inguinal e, freqüente, das mãos); lavagem diária das vestimentas e dos lençóis, para evitar-se a disseminação das bactérias e a autoinoculação, especialmente nos casos de furunculose crônica e recidivante; eliminação de todos os fatores dietéticos e emocionais que possam contribuir para a supressão da função imunológica como, por exemplo, estresse, açúcar, carboidratos refinados, alérgenos alimentares etc; suplementação nutricional: zinco (uma experiência clínica demonstrou que a suplementação de zinco é bastante efetiva no combate das lesões recorrentes), beta-caroteno e vitamina C; remédios botânicos: Hydrastis canadensis (Hidraste ou Botão-de-ouro), a berberina, o alcalóide mais ativo dessa planta medicinal apresenta propriedades antimicrobianas bem documentadas, estimula a função imunológica e combate os processos inflamatórios; Glycyrrhiza glabra (Alcaçuz), apresenta atividade antibiótica contra estafilococos, estreptococos e Candida albicans; Echinacea angustifolia (Equinácea), efeitos antibióticos e anticancerígenos; compressas quentes de Sal de Epsom (duas colheres de sopa em uma xícara de água morna, para puxar o abcesso para a superfície); incisão do furúnculo para drenagem dos abcessos (sangria) e cataplasma (com o extrato de plantas medicinais e de substâncias biologicamente ativas com propriedades antimicrobianas, antiinflamatórias e cicatrizantes: Calendula officinalis (Calêndula); Aloe vera (Babosa); pó da raiz ou tintura-mãe de Hydrastis e própolis).