por Gilberto Coutinho
A leucemia (do grego "leukos", branco e "haima", sangue) é uma doença sangüínea neoplásica grave, aguda ou crônica, que exige tratamento terapêutico especializado e precoce.
Caracteriza-se por uma proliferação anormal e geralmente intensa de leucócitos (células sangüíneas nucleadas, esbranquiçadas e com forma arredondada; sinônimo: células brancas do sangue) e de células que têm sua origem na medula óssea (único órgão líquido do corpo, produz os constituintes do sangue a partir de uma única célula mãe – pluripotente – e se encontra dentro dos ossos do quadril, fêmur, úmero, esterno, crânio e costelas), às vezes, associada à proliferação de eritroblastos (células nucleadas da medula óssea que pela sua maturação se transformam em glóbulos vermelhos do sangue; sua presença na circulação sangüínea é anormal, pois se encontram em certas anemias e leucemias).
Tal afecção (doença) é acompanhada de alterações quantitativas e qualitativas dos leucócitos no sangue. De acordo com os tipos existentes de leucócitos, distinguem-se as várias formas com manifestações clínicas diferentes: leucemia mielóide (por mielócitos), leucemia linfocitária (por linfócitos), leucemia por monócitos, etc.
A leucemia pode também afetar as crianças e é mais freqüente na faixa etária pediátrica com idade inferior a 15 anos.
A leucemia linfóide crônica é uma afecção maligna do tecido linfóide. Essa doença é mais freqüentemente observada em pessoas acima de 60 anos de idade.
As queixas mais comuns derivam-se da supressão da hematopoiese normal (formação de elementos figurativos do sangue) causada pela proliferação de células leucêmicas (células que sofreram algum tipo de alteração genética ou mutação).
Em geral, os sinais e sintomas são: palidez, fraqueza, cansaço, anorexia (falta de apetite), indisposição, fígado e baço aumentados (hepatoesplenomegalia). Febre e sudorese noturna podem ou não estar associadas a infecções (em 1/3 dos casos); o mesmo percentual pode ocorrer nas manifestações hemorrágicas em pele (petéquias – pequenas manchas hemorrágicas cutâneas puntiformes ou lenticulares, devido à ruptura dos capilares – e hematomas) e mucosa (nariz e gengiva).
Artralgia (dores articulares) e dor óssea são menos freqüentes nos adultos do que nas crianças e resultam da infiltração leucêmica. Manifestações neurológicas podem também ocorrer: confusão mental, cefaléia e comprometimento dos nervos cranianos.
Os dados do exame físico (sinais de anemia, infecções e manifestações hemorrágicas) refletem comumente os sintomas acima descritos e são oriundos da insuficiência de uma hematopoiese normal e da infiltração leucêmica que pode atingir todos os órgãos (na maioria das leucemias, as células leucêmicas caem na corrente sangüínea e podem alojar-se em vários órgãos, como fígado, baço e demais tecidos do corpo).
O diagnóstico laboratorial definitivo é feito pelo exame de sangue (hemograma), mielograma (exame de células da medula óssea que permite a análise do estado hematopoiético do organismo) e esfregaços da medula óssea (a punção aspirada da medula óssea é fundamental para o correto diagnóstico e revela comumente hipercelularidade com redução acentuada de gordura e de células hematopoiéticas normais).
O exame de sangue detecta anemia (em 80% dos casos), neutropenia (diminuição do número de granulócitos neutrófilos circulantes, ou glóbulos brancos, abaixo de 1.500 por mm³) e plaquetopenia (usualmente menor que 100.000/mm³ e, em metade dos casos, é menor que 50.000/mm³). O número de leucócitos é extremamente variável; em 30 % dos casos, a contagem é inferior a 5.000/mm³.
O tratamento da leucemia deve objetivar a eliminação do clone leucêmico com o restabelecimento da saúde integral do paciente. A terapêutica inclui medidas de suporte, quimioterapia sistêmica e profilaxia do comprometimento do sistema nervoso central.
O tratamento da leucemia com quimioterapia e associado aos recursos da terapia naturopática e ortomolecular pode alcançar resultados efetivos e bem superiores, inclusive auxiliar na desintoxicação do organismo e neutralizar os efeitos quimioterápicos colaterais.
O transplante de medula óssea – alogênico (o doador é uma outra pessoa; em geral, um irmão), singênico (o doador é irmão gêmeo univitelino, idêntico) ou autólogo (quando o paciente é o próprio doador) – é indicado a pacientes reincidentes.
Inúmeros produtos alimentícios industrializados são capazes de provocar alterações das células sangüíneas. O açúcar branco, por exemplo, consumido em excesso e regularmente, pode dificultar a absorção e ocasionar a perda constante de sais minerais e micro-minerais importantes ao bom funcionamento do organismo, como selênio orgânico, zinco, cromo, magnésio e muitos outros. Tal deficiência mineral ou carência crônica de oligoelementos, associada à acidificação provocada pelo uso dietético excessivo e constante de açúcar (ácido láctico e carbônico etc), favorece muito o aumento de radicais livres no organismo que, por sua vez, enfraquecem e alteram as células sangüíneas precursoras.
Outras substâncias e agentes capazes de provocar leucemia: aditivos alimentares sintéticos (corantes, aromatizantes etc), irradiação ionizante (exposição atômica), sacarina, ciclamato, dietiletilbestrol (hormônio feminino sintético utilizado no tratamento da insuficiência ovariana, amenorréia, distúrbios da menopausa e câncer da próstata, aplicado ao gado bovino para aumentar seu peso; presente também na carne das aves e nos ovos de granja), benzeno (utilizado na indústria de couro), sulfito de sódio (utilizado para deixar as carnes e os embutidos com aspecto mais avermelhados), nitrato de potássio, óleos refinados, benzopireno (substância cancerígena presente nas gorduras escuras das frituras, na carne de hambúrgueres industrializados etc.) e diversas outras substâncias.
Terapêutica naturopática e ortomolecular
O uso desses remédios botânicos e suplementos devem ser feitos sob orientação e monitoração terapêutica. Para os casos pediátricos, a posologia deve ser sempre ajustada.
– Remédios botânicos: Tabebuia heptaphylla (Pau-d'Arco, apresenta propriedades antineoplásicas e imunoestimuladoras); Uncaria tomentosa (Unha-de-gato, imunoestimulador, empregado no tratamento contra o câncer e como terapia adjuvante para reduzir os efeitos colaterais da radioterapia e quimioterapia); Glycyrrhiza glabra (Alcaçuz, imunoestimulador, auxilia na desintoxicação orgânica e reduz os efeitos colaterais da quimioterapia); Echinacea purpurea (Equinácea, imunoestimulador); Hydratis canadensis (Hidraste, imunoestimulador), Silybum marianum (Cardo-Mariano, contém algumas das mais potentes substâncias protetoras e restauradoras do fígado, a silimarina), Aloe vera (Babosa), Chlorella regularis (Clorela) e Allium sativum (Extrato seco de alho).
– Suplementos nutricionais: Cogumelo reishi (Ganoderma lucidium karst, anticancerígeno, indicado nas doenças hematológicas; desde tempos remotos, é utilizado pela "Medicina Tradicional Indiana Ayurveda" para auxiliar no restabelecimento do equilíbrio do organismo enfermo e também conhecido pela "Medicina Tradicional Chinesa" como "Lei-ci", "cogumelo espiritual ou divino"); Sementes douradas de linho (Linum usitatissimum) e Cartilagem de tubarão (apresenta propriedades contra o câncer).
– Complexo Polivitamínico, Polimeneral & Enzimático: Ácido fólico (Vitamina B9, sua deficiência encontra-se presente na leucemia e pode ocasionar alterações na síntese do DNA, na morfologia das células sangüíneas e epiteliais; fadiga; anemia megaloblástica; as melhores fontes alimentares são: fígado, leguminosas, espinafre, aspargos, brócolis, alface, repolho, gérmen de trigo, laranja, banana, carne, batata, pão integral, leite e ovos); Bioflavonóides; Coenzima Q10; Licopeno; Magnésio; Selênio; Superóxido dismutase (SOD): enzima antioxidante, empregada pelo organismo para neutralizar a cadeia de formação de radicais livres; Beta-caroteno; Vitamina C; Vitamina D; Vitamina E; Zinco; Protease; Lípase; Amilase; Lactase; Bromelaína e Papaína.
– Dietoterapia: Entre os fatores que mais influem na saúde integral, os hábitos alimentares são os principais. Adotar uma alimentação saudável, bem balanceada e de natureza pura (livre de aditivos alimentares sintéticos, todos são potencialmente tóxicos), que privilegie os vegetais, as frutas e as fibras dietéticas. Evitar o excesso de carboidratos refinados (açúcares e amidos). Carnes de frango e de boi (sempre magra) podem ser consumidas, desde que sejam utilizadas com moderação. A carne de peixe é considerada mais saudável, principalmente a de peixes de água gelada (salmão, arenque, cavalinha e truta), pois é rica em gordura poliinsaturada, considerada saudável. A exceção é a carne de porco e seus derivados, que devem ser evitados. Evitar frituras e gorduras saturadas (terrivelmente prejudiciais à saúde). Bebidas alcoólicas, tabagismo e uso de drogas devem ser completamente evitados.