Da Redação
Quase todo mundo já ouviu falar do TDAH, principalmente pais e educadores. Trata-se de um transtorno do neurodesenvolvimento que pode levar a prejuízos importantes na vida escolar, familiar e social.
A boa notícia é que um grande projeto de pesquisa, que acaba de ser publicado no Journal of the American Academy of Child and Adolescent Psychiatry, revelou que o tratamento focado no comportamento individual e o treinamento dos pais podem ajudar, de maneira mais significativa, a lidar com as crianças em idade pré-escolar (3-7 anos) com suspeita ou diagnosticadas com TDAH.
A pesquisa avaliou a eficácia de um treinamento específico, chamado de New Forest Parenting Programme (NFPP), ou “Programa Parental de New Forest”. Trata-se de um treinamento que fornece aos pais técnicas para treinar a atenção, a concentração e melhorar a capacidade da criança em lidar com a espera e a frustração. Além disso, o programa também ajuda a melhorar a qualidade de vida e o convívio familiar.
Como foi feito o estudo
O estudo avaliou 164 crianças, com idades entre 3 e 7 anos, com diagnóstico ou suspeita de TDAH. Um grupo recebeu o tratamento convencional e o outro o NFPP, durante 48 semanas. Os pais que receberam o NFPP relataram melhora significativa dos sintomas, melhora da autoestima e menores níveis de tensão familiar, em comparação com o grupo que seguiu o tratamento convencional.
Segundo a neuropediatra, Dra. Andrea Weinmann, o estudo é bastante animador e mostra que é possível buscar outros meios para lidar com o TDAH. “O treinamento parental é sempre bem-vindo. É um mito pensar que só a medicação pode resolver os sintomas. Hoje, a tendência é evitar medicar a criança, principalmente as menores. Assim, terapias que ajudam a mudar os comportamentos e a educar os pais sobre o TDAH têm apresentado bons resultados”.
Embora o “Programa Parental de New Forest” não exista no Brasil, por aqui já há alguns treinamentos, como o Treinamento Parental e a Terapia Cognitiva Comportamental (TCC). Lembrando que no Brasil o diagnóstico só pode ser dado a partir dos 6 anos de idade. Porém, nas crianças menores, é possível realizar avaliações e intervenções comportamentais até que o diagnóstico possa ser fechado.
Como funciona
Atualmente, a abordagem chamada de Terapia Cognitivo Comportamental (TCC) tem sido muito aplicada no tratamento do TDAH. “Além de ser uma terapia com começo, meio e fim, ela é voltada para ajudar a criança ou adolescente a reconhecer e a modificar padrões de comportamentos disfuncionais ou distorcidos. Oferece também estratégias para lidar com as dificuldades de organização, gerenciamento do tempo, desatenção, entre outros”, explica a neuropsicóloga Claúdia Dantas.
A participação dos pais é fundamental na terapia. De forma individualizada, o terapeuta irá estimular e compartilhar com os pais as práticas e estratégias que atendem às necessidades da criança. “Quando os pais entendem as dificuldades que a criança enfrenta, compreendem o transtorno e como ele afeta os comportamentos, acabam se envolvendo mais para ajudar no tratamento. Além disso, oferecemos recursos para que esses pais possam lidar melhor com as situações cotidianas”, completa Claúdia.
O treinamento dos pais gera empatia e esperança de vencer as dificuldades. Os pais se sentem encorajados a participar mais ativamente e passam a acreditar que é possível modificar comportamentos e melhorar o relacionamento familiar.