Por Arlete Gavranic
A troca de casais hoje é mais real do que uma mera fantasia sexual. É uma prática sexual muito comentada e virou frisson nas grandes cidades.
Nos últimos dez anos muitos clubs ou boates de swing vêm facilitando esses encontros. O público que mais freqüenta essas casas está na faixa entre 30 e 45 anos, embora não seja difícil encontrar garotas de 25 anos circulando pelo local. O mais difícil é encontrar casais na faixa entre 50 e 60 anos.
Muitos casais que têm a intenção de conhecer outros casais para realizar essa prática também se buscam na internet por chats que tratam desse assunto. Esses casais muitas vezes marcam um jantar para perceber se existe uma afinidade ou atração mútua. Mas a maioria dos que procuram essa troca de casais prefere procurar essas casas/clubs onde não se costuma conversar ou trocar informações sobre afinidades, mas sim ir direto ao ponto e realizar fantasias.
Quem gerencia essas casas relata que há um código de ética próprio para quem as freqüenta, “Ali eles podem tudo mas não são obrigados a nada, ninguém faz nada do que não quer, e se alguém chegar em você e não te agradar é só fazer um sinal negativo e nada acontece”.
Nessas casas há um espaço com sofás onde os casais costumam se relacionar. E ali rola de tudo: beijo, amasso, sexo oral, penetração vaginal ou anal, depende do que os casais tiverem combinando. Outros preferem um ambiente mais privativo e optam por hotéis ou motéis. São raros, mas acontecem aqueles que, muitas vezes de forma imprudente, se dirigem a suas próprias casas.
Os casais não transam necessariamente no mesmo ambiente, só quando a relação rola nesses clubs isso é comum. Eles também podem ir para espaços reservados.
Costumeiramente nesses clubs mulheres até podem entrar sozinhas, mas homens sempre devem estar acompanhados, muitos são casais mesmo, mas é freqüente serem só amigos ou até alguns homens irem acompanhados de garotas de programa ou porque são descasados, solteiros ou porque não querem envolver suas namoradas ou esposas nessa prática.
Muitas fantasias alimentam essa prática que se mostra mais desejada e estimulada pelos parceiros do que pelas parceiras. As motivações são: o desejo de experimentar o sexo com outras pessoas e de se experimentar no sexo com outras pessoas – quase ‘um trair autorizado’; o desejo de variar e um certo lado voyeur, ou seja, assistir cenas de sexo.
Algumas mulheres relatam que ali conseguem realizar suas fantasias de promiscuidade. Algo que os praticantes de troca de casais dizem ser: “Um desejo incontrolável de fazer isso”, muitos chegam a afirmar que “É um vício, não conseguimos ficar mais de quinze dias sem querer vir aqui”.
Esses casais dizem que não traem afetivamente, mas só sexualmente, será que isso acontece?
Para os homens, essa separação entre sexo e afeto é mais facilmente vivida, para as mulheres nem sempre é tão fácil. É sabido que muitas mulheres concordam com a troca de casais para não se sentirem ou serem chamadas de caretas pelos parceiros. Muitas relatam aceitar pois “Senão ele vai fazer sem que eu saiba e aí vou me sentir traída”, muitas relatam que achavam estranho mas aprenderam a gostar, pois sentiram uma excitação muito grande ao serem desejadas por outros homens e que isso ajudou até na auto-estima. Alguns casais relatam que essa ousadia ajudou a melhorar a monotonia que tinham na relação e aí aprenderam a ousar mais entre si.
Nem sempre o swing é fonte de prazer
Mas nem tudo são experiências prazerosas. Muitos são os casos que vivem um grande turbilhão de conflitos após essa vivência. Não raro encontramos casais que viveram as ameaças de desestruturação do vínculo da relação após essa experiência. Muitos relatam ter sido um pesadelo muito maior do que poderiam imaginar. “Ciúme de saber que outra foi desejada e possuída por ele com o maior tesão”; “Perceber que rolou tesão, desejo e prazer, que ela se entregou para o outro sem pestanejar”; “Será que agora ela vai querer fazer isso sempre?”; “Ela gostou do sexo ou do cara?”; “Será que ele tem tesão assim por qualquer uma que pintar?”; “Depois passei a sentir nojo dela, ela topou muito fácil”
Como podemos perceber, nem sempre a realização dessa fantasia de troca de casais acaba bem, como nos mostra esses relatos de casais que viveram essa experiência sem um final feliz . Muitos casais se sentem mutuamente traídos e não entendem depois como puderam esperar que tudo fosse ser normal no dia seguinte. Enquanto fantasia, o swing, a troca de casais era excitante e protegida. Mas na realidade mexe (e muito) com a relação de confiança, de auto-estima e com o mito do amor romântico que homens e mulheres alimentam, (“Ela vai ser só minha, vai desejar só a mim, ou ele vai ser sempre meu, nunca vai querer/gostar de outra”) mesmo quando jovens e com discursos modernos de relacionamento.
Riscos? Além dos riscos de conflitos que podem surgir com essa prática e balançar a relação, outros riscos existem sim e não podem ser deixados de lado.
Cuidados para quem quer ingressar no swing
1º) O sexo seguro é importante, por isso cuidado de não correr risco de se contaminar com nenhuma doença sexualmente transmissível. Por isso nunca deixe de usar o preservativo desde o início da relação, inclusive para as brincadeiras das preliminares e sexo oral; lembrando que se ocorrer a prática de sexo anal, troque o preservativo antes da penetração vaginal para evitar infecções vaginais por conteúdo fecal.
2º) Evite o uso de drogas estimulantes e abuso do álcool, pois isso faz com que as pessoas corram o risco de esquecerem da proteção do sexo seguro.
3º) Cuidado com saída para hotéis e motéis, vocês não conhecem essas pessoas e sabemos que muitos podem estar nesses locais não apenas buscando uma variação na prática sexual, mas buscando uma oportunidade de assalto, extorsão, entre outras. Malandragem existe sim, nunca leve essas pessoas para sua casa.
4º) Tome cuidado para não fazer com que essa prática sexual afaste o casal, se a fonte de excitação estiver fora do eixo eu – tu, para o eixo nós – eles, a relação do casal pode estar se afastando e alimentando um desejo maior pelo sexo do outro do que pela relação de vocês. E lembre-se, o sexo deve ser um momento de prazer, de encontro, de desejo e não só uma relação descartável de prazer momentâneo.