por Thiago Pimenta
Embora se tenha falado muito sobre relacionamento amoroso nos últimos anos, a sociedade continua extremamente conservadora nessa área. Amor, sexo, relacionamentos são questões que afligem adultos e jovens considerados "normais". O que pode se esperar então dessas vivências em uma parcela de seres diferentes que compõem uma minoria: os portadores de deficiência?
Ainda há preconceitos, uma incapacidade de imaginar um portador de deficiência mental como um ser que ama, deseja alguém, busca o outro e investe em seus sentimentos. Se muitas pessoas apresentam dificuldades para viver o amor, como compreender o relacionamento amoroso entre deficientes mentais?
Indivíduos excepcionais, apesar de algumas limitações impostas pelo grau da deficiência, necessitam exercer suas qualidades humanas. Talvez o amor seja ingênuo, fantasioso; talvez a comunicação seja diferente, um pouco restrita; talvez não compreendam o que é o amor esperado das pessoas ditas "normais".
O deficiente, dentro de suas possibilidades, vivencia o amor, e no seu encontro amoroso descobre e expressa de diferentes formas seu desejo pelo outro. Um abraço, um beijo, um olhar revelam esse sentimento como ocorre com qualquer outro ser humano. Todas as pessoas têm o direito e a necessidade de expressar o seu amor.
Não reconhecer a possibilidade do encontro amoroso entre pessoas excepcionais, é negar o próprio humano, pois o exercício do amor no relacionamento está em reconhecer o outro, dialogar, permitir o afeto, entrar em contato consigo mesmo e com o outro; não importando a forma e sim o sentido e significado desse encontro.
O ser humano dito "normal" ao negar a existência de um amor diferente, que na verdade é só uma forma de expressão diferente, acaba por minar o verdadeiro amor. Aquele amor dentro de todos nós sem uma forma, sem respostas que simplesmente nos mobiliza e pede para se realizar no mundo lá fora. O individuo deficiente quando ama, se liberta de qualquer preconceito, permitindo ser ele mesmo, aquele ser total no seu encontro amoroso.
Na verdade o convívio com as diferenças ensina muito sobre o que é vivenciar o verdadeiro amor. Nessas relações você aprende um pouco a respeito da pureza do amor, a sinceridade, a possibilidade de gostar de alguém de verdade, sem se levar pelas aparências ou pelos status, o dinheiro, etc.
Esse amor liberto de estereótipos é tocante, pois diminui as distancias entre os seres, já que hoje presenciamos a solidão e o vazio de sentimentos das pessoas ditas "normais" em nossa sociedade. Esse amor de que falo não corresponde ao amor procurado pelos normais. Talvez porque os próprios indivíduos deficientes busquem uma outra vivência amorosa, um tipo de sonho que acaba por se realizar naturalmente.
Vida sexual dos excepcionais
Trabalho em uma instituição com deficientes e o que observo é a dificuldade de vivenciar na prática o sexo, pois esbarra na deficiência – genética/hereditariedade – preconceito social, a família e o próprio deficiente que no geral fala de sexo, já viu até na tv, mas nunca o praticou. A sexualidade é bem exarcebada, até porque iniciam essa fase mais velhos. Discutimos sempre formas de se apropriarem do sexo junto também da familia que geralmente é o fio condutor para que se realize, pois muitos que namoram desejam transar e até ter familia.