por Eduardo Yabusaki
Existem homens que fazem uso recreativo de estimulantes sexuais como Viagra ou similar, cujo papel é atuar como facilitador da ereção do pênis para quem tenha efetivamente essa dificuldade.
O objetivo desse uso recreativo é o de possibilitar uma noite intensa de sexo, sem se preocupar com qualquer dificuldade em relação à ereção e com quem estiver ao lado.
Sem críticas ou censura a esse desejo ou escolha, é importante pensarmos nos efeitos que essa situação pode provocar. Afinal, ela vai contra princípios elementares de uma relação sexual que são o prazer, o orgasmo e a satisfação. Isso porque muitos acabam fazendo uso desses estimulantes sexuais em condições não favoráveis, por vezes embriagados ou drogados, sem uma percepção sensorial de si mesmo e com uma pessoa não escolhida ou meramente circunstancial.
Tanto jovens quanto homens mais maduros e experientes têm feito uso desses medicamentos nessas condições e como consequência ocorre uma dependência do mesmo, pois passam a necessitar dele em toda e qualquer situação, seja ela recreativa ou não.
A verdade é que o medicamento facilita a ocorrência da ereção, porém distancia esses homens de dois pontos cruciais na vivência de sua intimidade sexual: a percepção de estímulos sexuais é anulada pela anestesia provocada pelo álcool ou drogas; e a falta de envolvimento com a outra pessoa envolvida, parte importantíssima no favorecimento de estímulos excitatórios na atividade sexual.
No aspecto cognitivo-comportamental o homem acaba estruturando uma condição desfavorável a ele próprio, na qual ele pode ou não ter a ereção, e esse é o grande risco. Afinal, ingerir o medicamento não é garantia de que a ereção irá acontecer. É preciso condições mínimas para que o estimulante atue e a ereção ocorra. Porém, a expectativa do homem que faz uso desse medicamento de forma recreativa é de que ela ocorra sempre e obrigatoriamente, gerando aí uma falsa ideia de que tudo dará certo independente do que faça ou do que esteja acontecendo.
Se a ereção ocorrer e o sexo também, tudo bem. Entretanto, pode acontecer dela não ocorrer. Assim a decepção, a frustração e a angústia podem ser arrasadoras para esse homem.
Os medicamentos são ótimos e de grande importância, porém quando bem indicados por um médico e utilizados de forma adequada. Mas o que observo no consultório de forma crescente é o uso indiscriminado e com consequências danosas ao psiquismo.