Vaidade nos deixa em débito com “eu ideal”

por Flávio Gikovate

“O desvio que existe entre o que eu sou e o que eu acho que deveria ser é crescente”

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Fruto de um padrão lógico do pensamento social, o vício da vaidade tem iniciação precoce e faz a pessoa perder sua unidade interior. Ou seja, a pessoa se desconecta dela mesma, perdendo sua real identidade.

A perda dessa unidade interior determina sensações de insatisfação e agrava sentimentos de inferioridade. Esses exigem remédios capazes de gerar sensações de superioridade, de destaque.

Por que a vaidade satisfeita vicia?

A vaidade satisfeita é um paliativo para o mal, gera um desvio cada vez maior do ponto de vista de coerência (o que eu sou X o que eu deveria ser), esse desvio gera mais insatisfação e pede por mais destaque. Assim, desculpem-me a redundância (ou pleonasmo!), está composto o círculo vicioso do vício: um beco sem saída no qual todos nós, de alguma forma, nos encontramos.

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O desvio que existe entre o que eu sou (minha real essência) e o que eu acho que deveria ser é crescente. Em nome de recompensas imediatas ou de condicionamentos antigos cada um de nós age de modo repetitivo e insatisfatório; e isto é o que eu “sou”.

Dessa forma, existe um ideal de si mesmo que está de acordo com os padrões éticos que nos ensinaram intelectualmente: quem nos ensinou também não foi coerente em sua prática cotidiana e essa foi uma das causas de nossa quebra de unidade interior. Nos sentimos totalmente em débito e atrasados em relação ao nosso “eu ideal”.

 

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