por Roberto Santos
"Tenho 29 anos, um bom emprego e sete anos de experiência profissional. Surgiu agora a oportunidade de fazer um mestrado em minha área no exterior. O curso é excelente, porém é caro ( teria que usar todas as minhas economias, mas tenho como pagá-lo) e eu teria que ficar nove meses fora do Brasil. Alguns profissionais mais velhos com quem conversei recomendaram que eu não fosse, porque perderia não apenas contatos por aqui, mas também meu emprego (a empresa não dá licença para capacitação). Contudo, percebo que os melhores jovens profissionais da minha área têm pelo menos um mestrado no currículo. Em tempo: do ponto de vista pessoal, não tenho empecilhos para ir. O que o senhor acha? Vale a pena dar um tempo no exterior para estudar?"
Resposta: Essa me parece uma "boa encruzilhada" para se estar na carreira – um bom emprego e a oportunidade de fazer um mestrado no exterior, tendo recursos para pagá-lo. Acho que sua análise do mercado está correta e os conselhos que recebeu podem estar parcialmente errados.
Primeiramente, o mercado de trabalho está cada vez mais competitivo e vantagem competitiva pela diferenciação de competências é uma das formas de ampliar as chances de se dar bem nas competições futuras.
Segundo, nove meses fora do Brasil:
(a) não a exclui do contato com as pessoas – quanto de seus contatos atuais não são cultivados por redes sociais?
(b) quantos novos contatos internacionais você poderá agregar a seu networking durante este curso? O diferencial aqui se multiplica.
Terceiro, você é muito jovem e este intervalo de nove meses em um emprego não prejudicará (ao contrário) sua carreira no longo prazo – que é o que você deve priorizar em sua análise.
Bem, sempre tem um "por outro lado" em que seus conselheiros mais velhos podem estar certos. Fazer um curso (por melhor que seja) não é garantia de emprego logo que voltar. Retomar o mercado de trabalho é sempre complicado, independente do motivo que a afastou. Não existem garantias de que a vaga ideal estará esperando por você, com um cargo mais alto, ganhando muito mais e um supercarro com despesas pagas. Você deveria se preparar (psicológica e financeiramente) para esperar uns seis meses para se recolocar. De novo, esse tempo pode ser pouco no contexto de sua carreira no longo prazo, mas quando você o estiver vivendo ele vai parecer uma eternidade. Arrependimento de ter feito o curso vai aparecer, de certo.
Pesar os pós e contras, escolher, decidir entre duas coisas boas pode parecer o melhor dos problemas, mas é um dilema a ser tratado com cuidado. Um sobrinho querido passou pelo mesmo dilema, viveu o que lhe descrevi, encontrou um emprego que não era o ideal e depois deu o salto que esperava fosse o trabalho imediato quando de sua volta. Se perguntar a ele, sei que responderá que valeu a pena e faria de novo, mas com mais realismo quanto à recolocação. Se você perguntar para mim… BOA VIAGEM!