por Flávio Gikovate
No texto anterior, expliquei por que pessoas tidas como generosas tendem a procurar pessoas do tipo narcisista (veja aqui). Agora, darei prosseguimento ao tema sobre a dinâmica dessa relação.
Nesse tipo de relacionamento, o generoso ama com honestidade e não é amado; sente-se frustrado por isso, mas, ao mesmo tempo, sente-se superior por ser portador de virtudes admiradas pelo parceiro.
O egoísta se aproveita da generosidade do seu par e sente gratificado por isso na sua vaidade; ao mesmo tempo s sente por baixo pelo fato de ser dependente e mais “fraco”.
O generoso também se sente por baixo em outro aspecto, que é a sua precária capacidade de usufruir dos prazeres e confortos da vida. Esses estão bloqueados porque fazem parte do modo de se exibir do grupo oposto, o dos hedonistas.
É preciso um bom avanço no desenvolvimento pessoal e uma certa redução de submissão à vaidade para que as pessoas possam se encantar com seus afins. As afinidades como fator de escolha do par são indiscutíveis do ponto de vista da lógica; é mais fácil o convívio, além de ser bastante mais atenuadas as manifestações invejosas.
É sinal de maturidade quando razão e coração se encontram e ambos avalisam uniões desse tipo. Do ponto de vista sentimental, a intensidade do elo é máxima, pois surge o envolvimento e abertura do coração nas duas pessoas.
E isso pode provocar pânico derivado de uma intensidade muito grande de dependência e, portanto, de dramática dor em caso de desencontro. Além disso, a felicidade assim obtida pode ser muito intensa, o que pode despertar o medo da própria felicidade.