por Dulce Magalhães
Generosidade. Taí uma palavra bonita, como algumas que temos em nossa língua portuguesa, compaixão, amorosidade, amizade, lealdade, todas essas palavras representam valores, contudo a generosidade tem o benefício extra de alterar de forma significativa e profunda o campo da existência, permitindo que as pessoas mudem de rumo, conquistem novos resultados, busquem e realizem outro plano de vida.
Entretanto, nem sempre compreendemos do que se trata mesmo ser generoso. A maioria das pessoas acredita que é compartilhar daquilo que temos e doar o que não precisamos mais, porém essencialmente a generosidade é a capacidade de dar ao outro aquilo que ele precisa, mesmo quando não temos sobrando. Trata-se de fato de uma doação, consciente e perceptiva, que afeta de forma positiva as oportunidades e condições do outro. Talvez seja bom fazer uma pequena revisão de conceitos para sabermos onde e quando a generosidade acontece:
Doação
É quando damos algo a alguém, seja tempo, dinheiro, cuidados, oportunidades, apoio ou recursos materiais diversos e não esperamos nada em troca, nem mesmo criamos a expectativa de que a pessoa faça algo de útil ou essencial com aquilo que foi doado, é um dar sem qualquer intenção.
Investimento
É quando damos algo e temos a expectativa de retorno, damos condições e esperamos que gerem resultado, seja em progresso, sucesso, realização ou gratidão. Como todo investimento, podemos ter retorno ou não, sempre há um risco, mas o que fazemos tem uma expectativa de que algo retorne como rendimento, seja de que natureza for.
Dívida
É quando damos algo e cobramos a devolução, independente da natureza daquilo que doamos. Pode ser dinheiro e podemos cobrar juros por isso, mas também pode ser cuidado, afeto, apoio, condições etc. Quando cobramos que o outro nos dê atenção, porque demos atenção a ele em algum momento da vida, então estamos cobrando uma dívida, que nem sempre o indivíduo sabia ter contraído. O melhor nesses casos é sentar juntos e renegociar para que cada parte saiba extamente como vai ser feito o pagamento. É bom lembrar que se alguém cuidou de uma criança e pensa nisso como uma dívida, quando esta for adulta ela pode sentir a obrigação de devolver em presença, atenção e tempo, mas é impossível obrigá-la a devolver em afeto, pois isso não é atributo dos bens cambiáveis. Afeto é de outra natureza.
É interessante pensarmos como estão nossas relações e de que natureza tem sido nossas trocas, pois a verdadeira generosidade é aquela que não gera devedores. E também é preciso tornar-se consciente de algumas dívidas a pagar e contas a ajustar, nem tudo foi fruto da generosidade e talvez tenhamos débitos a quitar por aí. Enfim, fazer um balanço e deixar a vida em dia. Reflita sobre isso. Suerte!