por Tatiana Ades
“Perder um amor de vício, é perder a pessoa onde depositamos todas as nossas alegrias e esperanças, é perder a pessoa que tampava os nossos buracos interiores” Insisto voltar ao tema sobre o amor patológico, pois sei que esse vício pode levar ao inferno de Dante ou até mesmo, como qualquer outra droga, à morte.
Não, não é exagero! Os sintomas de um amor não saudável e patológico podem ser comparados ao de um usuário de cocaína; principalmente se pensarmos em abstinência, quando o outro está longe, podemos sentir-nos inúteis e depressivos, apresentar tremores, vômitos, pânico, desenvolver anorexia nervosa.
Que tipo de amor é esse que mata?
É o amor do jogo, o amor do vício, aquele onde o casal não está unido por questões de paz, troca e metas em comum, é o amor que necessita do outro para sobreviver e respirar, o amor que acredita ser essencial para que a vida continue, o falso amor das brigas, ofensas e intensidade nessa seara.
Freud ao falar de luto cita esse tipo de amor, onde a dependência pelo outro pode nos fazer morrer em vida quando esse outro se afasta. A dor, essa que é tão forte e destrutiva, passa a ser chamada de melancolia.
Para entendermos a diferença de uma dor normal, pela perda de um amor e a melancolia precisamos pensar em unidades. Sim, nós seres humanos somos uma unidade completa que, junto ao outro ser escolhido, acrescentará outra unidade e nos ajudará na vida e na sua rotina. E perder esse tipo de amor dói, mas não nos faz doentes, justamente por que o outro era um complemento nosso e não uma parte de nós.
Perder um amor de vício, é perder a pessoa onde depositamos todas as nossas alegrias e esperanças, é perder a pessoa que tampava os nossos buracos interiores, que simbioticamente era como um remédio para nossas dores. Esse tipo de abstinência leva-nos a nos deparar com a dor insuportável, dor esta que representa nada além de nós mesmos em contato com o nosso self (eu) novamente.
A melancolia é uma depressão forte, um estado de desamparo da alma. Portanto, perder o outro significa perder a nós mesmos, porque não estávamos nos amando como um ser individual, o outro era parte de nós, como um braço, uma perna, etc…
Para entendermos bem, gosto de citar o membro-fantasma, que continua pulsando quando é perdido. A pessoa perde uma perna, mas continua sentindo-a ali, sente a dor que cisma em não cessar.
Por que sentimos falta daquilo que partiu de forma tão inexorável? Porque quem partiu representava nós mesmos tentando nos aliviar de temores internos.
Para amar de forma saudável é preciso praticar o autoconhecimento e amar-se como unidade antes de amar qualquer pessoa.