por Samanta Obadia
Aristóteles conceitua as virtudes, dividindo-as em duas: as intelectuais e as morais. A primeira nasce e progride graças aos resultados da educação. Portanto, leva tempo e demanda experiência; enquanto a segunda, é o resultado do hábito (ethos), que imprime em nós capacidade de praticar atos justos.
Para o filósofo, nosso caráter é formado a partir da repetição dos atos progressivos por meio do hábito, pois somos capazes de praticar bem aqueles atos que já fizemos antes, e eles podem ser aperfeiçoados tanto para melhor ou para pior. Com o hábito, adquirimos as virtudes morais e nos tornamos virtuosos pelo exercício, assim como os homens tornam-se justos praticando a justiça.
São as disposições viciosas ou virtuosas que constituem um caráter. Somos todos responsáveis por nossos atos, assim como também pelos nossos vícios. Somente aqueles indivíduos que têm suas atividades conforme a virtude se tornará virtuoso e, assim, atingem sua finalidade humana, sendo que o fim humano consiste, portanto, na busca da sabedoria.
O bem maior realizável para o homem é aperfeiçoar-se enquanto homem.
A infelicidade humana advém da ausência de virtude, pois aquele que pratica atos injustos não alcançará seu objetivo final por tender sempre para os pontos extremos (vícios), ficando além do meio-termo que é uma virtude.
Segundo Aristóteles, o homem que age de acordo com o princípio intelectivo vai solidificando o hábito de agir sempre de modo correto sem pender para os excessos ou as faltas que, segundo ele, são os vícios. Esse se mantém firme no justo meio (meio-termo). A virtude moral é uma virtude ética adquirida pelo hábito. A educação é o modo correto de adquiri-lo, daí a necessidade de praticar ações conforme a virtude e por escolha voluntária por toda a vida e não somente em alguns momentos.
Somente aquele que pratica atos voluntários age justamente, pois o homem virtuoso deve agir por escolha e de modo voluntário. Aquele que age de acordo com o princípio intelectual, cumpre por meio de escolhas que são traduzidas em ações. Somente a escolha está em nosso poder e por ser uma escolha somos os responsáveis pelas consequências.
Segundo Aristóteles, desejamos sempre aquilo que está ao nosso alcance. Portanto, somos responsáveis por praticar tanto os atos nobres como os atos vis. A virtude moral é um meio-termo entre dois vícios que envolvem excesso e a deficiência. A escolha está ligada à virtude. Assim, podemos escolher o que iremos nos tornar. E para que nos tornemos bons devemos desde o início praticar o Bem. Do mesmo modo quando decidimos mal, tal ato será mau, pois o que dirige a escolha é o caráter individual do sujeito que põe em prática tal ato que pode ser bom ou mau.