por Antônio Carlos Amador
Nós somos seres essencialmente interpessoais, intrinsecamente motivados por uma necessidade de nos relacionarmos. A interação com outras pessoas pode nos ajudar a encontrar um significado e um propósito para nossas vidas, a descobrir nossas próprias capacidades e exercitá-las.
Crescemos através da interação com outras pessoas, que nos trazem continuamente a vida, através de sua compreensão, sua confiança e seu amor. Nós fazemos o mesmo por elas.
Muitos fatores influenciam se sentiremos ou não atração por uma determinada pessoa: atração física, proximidade, familiaridade e similaridade. Embora possa haver exceções, a verdade é que só aprendemos a amar se algum dia fomos amados.
As relações de um casal, as amizades e as relações interpessoais de modo geral implicam certa estabilidade, distinguindo-se dos contatos efêmeros e fortuitos. A proximidade ocupa um lugar vital nas relações interpessoais. Uma pessoa pode cumprimentar regularmente o porteiro do prédio onde mora ou conversar com o dono da banca de jornais, mas não mantém relações com essas pessoas que possamos qualificar de interpessoais, pois essas caracterizam-se pela proximidade emocional, familiaridade, envolvimento afetivo e abertura pessoal.
Embora possa haver exceções, a verdade é que só aprendemos a amar se algum dia fomos amados. Se, porventura, a vida na infância consistir exclusivamente numa difícil luta pela sobrevivência é bem provável que essa luta se perpetue por toda a existência. Nesse caso as pessoas podem escolher casar ou estabelecer um relacionamento com alguém apenas para conseguir um lar, dinheiro ou segurança.
É claro que a maioria das pessoas também procura um lar, dinheiro e segurança, mas o que as diferencia é que elas sentem ou pensam que estão amando e se envolvem num ideal romântico. Às vezes, uma pessoa imagina estar amando alguém que possa suprir uma lacuna em suas vidas. Outras vezes a escolha de um parceiro é um processo mais racional e frio.
O vínculo entre amor e casamento é historicamente recente e pouco universal. Na sociedade ocidental ele se tornou mais forte nas últimas décadas, quando homens e mulheres passaram a se recusar a casar com pessoas que não amam.
Os relacionamentos amorosos envolvem uma multiplicidade de possibilidades. Muitas tentativas têm sido feitas para classificar os tipos de amor: o amor apaixonado, caracterizado por emoções intensas e muitas vezes conflitantes e o amor do companheirismo, que envolve confiança, cuidado, tolerância, calor e afeto.
Há também as escolhas dramáticas. Não há quem não conheça, ou até mesmo tenha vivido, pelo menos uma história em que um dos membros de um casal viu-se envolvido num relacionamento extraconjugal. Um casamento envolve mais do que simplesmente amor romântico, que se baseia em sonhos. Para as pessoas que se amam mutuamente, um único fato dificilmente assume proporções destruidoras ou finais. Mas no amor romântico inexiste essa flexibilidade, na medida em que as pessoas tentam forçar a realidade a penetrar em suas fantasias.
Os laços afetivos são constantemente testados pela convivência diária. E quando se tornam frágeis, é fora do casamento que muitas vezes um dos parceiros busca a solução de seus problemas. Os efeitos podem ser então negativos e até mesmo devastadores. Nem sempre se compreende que o oposto do amor não é o ódio, mas sim a indiferença.