por Eliana Bussinger
Os opostos se atraem e em finanças não é diferente. Várias pesquisas têm mostrado que gastadores costumam ser atraídos por "pão-duros" e vice-versa.
Não vou entrar no mérito sobre o porquê disso, pois não é a proposta do artigo. Mas as razões estão lá na infância, na forma como nos espelhamos nos nossos pais.
Essas diferenças de personalidade mostram-se muito positivas no início dos relacionamentos, especialmente quando há disposição de ambas as partes em aprender. Muitos casais acham um meio-termo, que representa o ponto em que cada um cede em direção ao outro e um equilíbrio é encontrado.
Há, no entanto, aqueles que jamais se entendem. Então, em algum momento as diferenças de personalidade tornam-se tão acentuadas que trivializam-se os desentendimentos e as dificuldades no relacionamento.
As compulsões – que se assemelham tanto naquele que quer gastar, quanto naquele que quer poupar – representam o terreno fértil para o desenrolar dos conflitos conjugais mais sérios, que costumam culminar em estresse, doenças ou divórcio.
Os poupadores compulsivos, que alguns analistas chamam de entesouradores, costumam ser movidos pelo medo excessivo de ficar sem dinheiro. Quando casam com alguém que é um esbanjador, essas características acentuam-se, dado que eles acabam julgando que precisam controlar-se ainda mais por causa do parceiro gastador.
Não é raro que eles passem a viver aterrorizados com a perspectiva da pobreza, até o ponto de adoecer e passar a enxergar o parceiro gastador como uma séria ameaça à sua segurança.
Não é raro que o gastador também veja suas características acentuarem-se em casamentos dessa natureza. Sabendo que há alguém cuidando diligentemente das finanças do casal, é comum tornarem-se ainda menos cautelosos com relação ao dinheiro.
Mas em algum momento quando as duas personalidades de fato se polarizam, o gastador também verá ameaças do outro lado: o parceiro que entesoura costuma negligenciar o presente em prol da segurança futura e simplesmente não consegue ser espontâneo, extrair prazeres de coisas simples como sair, passear, ir a restaurantes, sair de férias ou aproveitar uma liquidação.
O gastador costuma ser otimista quando projeta sua capacidade de financiar seus gastos. Já o entesourador, ao contrário, é pessimista com relação a essa capacidade.
Esse duelo de personalidades não costuma ser percebido a tempo de evitar que os ânimos se arrefeçam ou que os casamentos acabem.
Afinal, raramente os casais conseguem conversar sobre dinheiro em tempos de paz.
O entesourador
– Preocupa-se excessivamente com o pagamento das contas
– Fica agitado e nervoso se o parceiro esquece de pagar as contas em dia
– Agita-se também quando o parceiro faz compras desnecessárias ou por impulso
– Fica o tempo todo lembrando os filhos de que há muitos pobres no mundo, portanto não se deve deixar comida no prato
– Não importa a ocasião (até mesmo o aniversário de casamento) não comprará presentes caros
– Não gosta de gastar nem consigo próprio (é incapaz de presentear-se)
– Resiste gastar até mesmo em coisas vitais (novos pneus, médicos, dentistas)
– Viaja muito pouco e raramente planeja férias
– Guarda coisas velhas, mesmo que elas não funcionem (um dia ele irá consertá-las)
– Não gosta de trocar aparelhos eletrônicos que ainda estejam funcionando, mesmo que fora de moda