Por Arlete Gavranic
Tenho ficado bastante assustada com o número de mulheres que relatam conviver com seus parceiros num ambiente de violência.
Quando falamos em violência não estamos nos referindo apenas à violência física, embora ela também exista e seja absurdamente realizada.
Meu espanto acontece com o número frequente de casos de violência psíquica, emocional que acontece e que, muitas vezes, as pessoas não têm consciência de que estão vivenciando isso.
Na maioria das vezes são relacionamentos baseados em sedução ou em uma admiração afetiva misturada com dependência por parte da pessoa que sofre a violência. A relação tem uma mistura de sentimentos que confunde. A vítima muitas vezes se sente culpada pelo mau-humor ou pela irritação da outra parte – como se tivesse culpa -, sente-se responsável pela vivência de agressividade da outra parte.
O receio de que alguma atitude possa provocar esse clima de violência faz com que essa pessoa passe a se comportar submissamente, evite confrontar a outra parte ou mesmo falar o que gosta ou o que prefere.
As pessoas que se deixam envolver com pessoas violentas acabam desenvolvendo alto nível de ansiedade, ficam tensas e sempre à espera de alguma nova agressão, seja ela um xingamento, uma agressão física, um ato violento – quebrar coisas, bater portas, guiar agressivamente. Algumas pessoas chegam a somatizar, ou seja, começam a ter sintomas físicos como dores no corpo, dor de cabeça, náuseas, dores de estômago e sintomas de medo intenso com taquicardia e sensação de sufocamento.
Essas sensações aparecem pela tensão de previsibilidade de cenas violentas.
As pessoas que se sentem subjugadas, ofendidas ou ameaçadas com frequência e, na maioria das vezes, são acusadas de serem responsáveis por provocar essas cenas violentas, também são ameaçadas de serem difamadas por uma culpa que lhes é atribuída.
Se você perceber que está vivendo um relacionamento que tem essas características ou tem conhecidos que vivem esse padrão de violência em seu relacionamento, converse com pessoas de confiança, busque apoio familiar, psicológico e jurídico, pois esse padrão de violência é perigoso, além de ser prejudicial à saúde psicoemocional. Esse tipo de comportamento traz outros riscos, como por exemplo, à integridade física e, em casos extremos, até à vida da pessoa, pois as agressões podem ser crescentes em sua intensidade.
Esse agressor (ou agressora), embora a incidência maior seja de agressores do sexo masculino), tem necessidade de tratamento para equilibrar seus impulsos agressivos e aprender a lidar com suas frustrações, ciúmes ou medos e de acompanhamento psicoeducacional. Sabemos da dificuldade de sensibilizar e conscientizar o agressor para concordar com tratamento. Mas é importante que amigos e familiares deem apoio para as vítimas de agressão e as ajudem a não ceder na ‘chantagem’ de ficar ao lado do agressor para apoiá-lo no processo de melhora, pois esses momentos costumam ser o de maior risco para agressões fatais.
Relacionamentos devem ser baseados em troca afetiva e respeitosa mesmo em momentos de conflito ou dificuldades no relacionamento.
Ajude a evitar mais prejuízos emocionais e apoie pessoas vitimizadas a romper esse ciclo perigoso.