A Vitamina A é um nutriente que atua na visão, cognição, imunidade… é uma aliada no tratamento de câncer; saiba qual deve ser o consumo diário
A vitamina A foi descoberta na manteiga e no óleo de fígado de bacalhau há pouco mais de cem anos atrás, em 1913. Níveis baixos de vitamina A provocam uma redução no desempenho da máquina humana, envelhecimento acelerado e problemas potenciais em praticamente todas as áreas do corpo, como visão, cognição, imunidade etc. As pesquisas mostram que há muitos indivíduos com níveis insuficientes desse nutriente vital através do mundo, cerca de um bilhão de pessoas.
Retinoides: o papel da vitamina A
Vitamina A é um termo geral para designar a grande família dos retinoides. Ela funciona como um hormônio, através de receptores específicos, acionando genes e modulando a atividade de múltiplas linhas celulares. A sinalização do ácido retinoico, que regula mais de 500 genes, é extremamente importante no sistema nervoso central. A vitamina A também interage com hormônios, como os tireoidianos, insulina e corticosteroides, produzindo efeitos metabólicos difusos no corpo. A suplementação de vitamina A pode reduzir a morbidade e a mortalidade por doenças infecciosas. Sua carência leva a uma variedade de manifestações cutâneas.
Sinais e sintomas de deficiência de Vitamina A
A Vitamina A está envolvida em funções essenciais, incluindo crescimento, imunidade, reprodução e visão. Muitos fatores sinalizam ou contribuem para a sua carência: imunidade baixa; inflamação crônica; infecções recorrentes; problemas intestinais crônicos; disfunção hepática; câncer; dieta de baixa gordura; dieta vegana; olho seco, baixa visão (diurna e noturna); degeneração macular; pele, cabelo e membranas mucosas secas; acne, psoríase e outras condições cutâneas; unhas fracas, com ondulações ou rachaduras; baixo crescimento, ossos e dentes fracos; alergias; asma; excesso de peso.
Vitamina A: uma aliada no tratamento do câncer
Grande parte da pesquisa em torno da vitamina A está relacionada ao câncer. Estudos mostram que comer alimentos ricos em vitamina A está ligado a um menor risco de câncer, enquanto outros demonstram que a vitamina A pode impedir que células normais se tornem malignas. Pesquisas evidenciam que esse nutriente pode retardar o crescimento de tumores, reduzir o seu tamanho, e contribuir como cofator para melhor eficácia de alguns tratamentos de câncer.
Cérebro
O cérebro tem enorme capacidade de se adaptar ao ambiente. A habilidade de aprender (e formar novas memórias continuamente) é conhecida como plasticidade cerebral. Recentemente, surgiram evidências da função da vitamina A no cérebro e novas descobertas apontam para um papel central em processos que vão da neuroplasticidade à neurogênese (formação de novos neurônios). Atuando em várias regiões do sistema nervoso central, incluindo olhos, hipocampo e hipotálamo, ela também controla os ritmos biológicos. Diversos estudos avaliaram os efeitos da vitamina A em pacientes com disfunções cognitivas, como Alzheimer e depressão, e ela é indicada em adultos e crianças com déficits neurológicos, problemas de aprendizagem e memória.
Falta de vitamina A: consequências para a pele
Pele seca, cabelo sem brilho e quebradiço, unhas fracas e descamando? Pode ser falta de vitamina A. Os retinoides regulam o crescimento e a diferenciação de muitos tipos de células dentro da pele, e a insuficiência leva a uma queratinização epitelial anormal, contribuindo para uma pele ressecada.
A vitamina A é conhecida pela capacidade de estimular o crescimento de células epiteliais e fibroblastos, estimulando a síntese de colágeno tipo 1 e fibronectina. A suplementação e o uso tópico da vitamina aumentam a deposição de colágeno dérmico, melhorando a qualidade da pele. Além disso, ela protege contra alguns tipos de câncer de pele e acelera a cicatrização de feridas.
Cabelo e unhas
Todas as células precisam de vitamina A para se desenvolver, e isso inclui unhas e cabelos, tecidos que crescem velozmente no corpo humano. A Vitamina A estimula a secreção do sebo natural do couro cabeludo, que dá brilho, reforça e previne a quebra dos fios capilares. A carência de vitamina A pode contribuir para unhas secas, que tendem a desfolhar e produzir ondulações ou sulcos. Sempre é bom lembrar que nenhuma vitamina atua sozinha no corpo, e o conjunto de nutrientes precisa incluir outras vitaminas e minerais.
Origem animal X vegetal
A vitamina A só é encontrada em alimentos de origem animal. É um erro dizer que os alimentos vegetais são ricos neste nutriente. Na verdade, frutas e legumes são fontes de uma família de fitonutrientes chamados carotenoides.
O corpo consegue converter somente três tipos (betacaroteno, alfacaroteno e betacriptoxantina) em vitamina A, e essa conversão é bastante ineficiente: são necessárias de 10 a 28 moléculas de carotenoides para fazer uma molécula de vitamina A. Além disso, 80% ou mais da vitamina A de fontes animais é absorvida, e apenas 3% ou menos de carotenoides de alimentos vegetais são absorvidos.
A melhor fonte de vitamina A é o óleo de fígado de bacalhau, seguido por fígado bovino, carne, frango, peru, laticínios, especialmente queijo e manteiga, e gema de ovo.
Dose recomendada de Vitamina A
A dose diária recomendada em cápsulas é de 3.000 UI (900 mcg) para homens, 2.300 UI (700 mcg) para mulheres adultas, 2.500 UI (750 mcg) para mulheres grávidas e cerca de 4.000 UI (1.300 mcg) na amamentação. A necessidade diária de crianças varia de acordo com a faixa etária. Excesso de vitamina A produz toxicidade – não faça automedicação.
Referências
*National Institutes of Health. Vitamin A – Fact Sheet for Health Professionals.
*Nutrition & Cancer 2020. Effect of Vitamins A & C to Modulate the Expression of Ligands in Hepatic & Colon Cancer Cells.
*E-life 2021. All-trans retinoic acid induces synaptic plasticity in human cortical neurons.
*Annual Review of Nutrition 2020. Vitamin A and Retinoic Acid in Cognition & Cognitive Disease.
*Neural Regeneration Research 2019. Potential therapeutic roles of retinoids for prevention of neuroinflammation & neurodegeneration in Alzheimer’s disease.
*Cells 2020. Retinoic Acid and Its Derivatives in Skin.
*Nutrition in Clinical Practice 2019. Vitamin A and Wound Healing.
*British Journal Nutrition 2014. A review of vitamin A equivalency of β-carotene in various food matrices for human consumption.