por Roberto Shinyashiki
Não venda a alma ao diabo. Na literatura universal há diversas obras que contam essa história. Em seu livro Fausto, o escritor alemão Goethe mostra um homem que, desiludido da vida, resolve vender a alma ao demônio em troca da juventude eterna. Thomas Mann, no romance Dr. Faustus, mostra um músico que também vende a alma ao demônio, para fazer a mais bela melodia do mundo. O resultado é sempre o mesmo: as pessoas sacrificam o essencial pensando que vão conseguir o que querem. E no final da história percebem que, apesar das conquistas materiais, perderam a essência da vida. Ninguém consegue servir a dois senhores ao mesmo tempo. Quem vive como escravo do dinheiro acaba sendo vítima do demônio. É um desperdício fatal, pois nossa alma não tem preço!
Quando as pessoas começam a ver o desemprego aumentar e tantas empresas quebrar, é natural que se sintam inseguras. Esse panorama exerce grande pressão psicológica e faz muita gente, temendo o fracasso, pensar em abrir mão de seus princípios na luta pela sobrevivência. Bobagem pura.
Quanto maior a velocidade das mudanças, mais inabaláveis devem ser os valores de uma pessoa. Seus princípios devem alimentar cada decisão de sua vida. Claro que dá mais trabalho vencer sendo honesto consigo mesmo, mas você vai sentir muito mais orgulho de si próprio. Os maiores aplausos têm de vir da sua consciência.
Vitória sem escrúpulos não vale a pena. Nossa consciência cobra um preço muito alto quando a contrariamos, e esse preço vem em forma de insônia, mau humor, tristeza…
A vitória é deliciosa, mas só tem sentido quando conquistada dentro das regras do jogo.
Em meu trabalho com atletas de alta performance, deparei com profissionais cujo passe estava avaliado em milhões de dólares, profissionais com contratos milionários. E, em toda a minha orientação para ajudá-los a conquistar títulos e medalhas, sempre insisti na questão ética. Devemos lutar para vencer sempre, mas nunca de qualquer jeito. Quando um atleta ganha uma prova utilizando anabolizantes, quem vence a prova não é ele, mas o anabolizante. Esse atleta não cresce com a conquista, pois sabe que a vitória não foi sua. É uma vitória que destrói a autoestima.
A mesma coisa acontece com o aluno que cola para passar de ano. Ele vence uma prova, entretanto perde o respeito por si mesmo. É um preço alto.
Vencer é ótimo, mas o mais importante é ter a consciência tranquila, saber que tudo foi feito com ética. As melhores vitórias são as conquistadas com muito treinamento, estratégia e dedicação. Respeite a si próprio e mantenha a dignidade. Talvez a curto prazo isso possa representar uma derrota, porém a certeza de poder contar consigo próprio criará os fundamentos da conquista de muitas vitórias lá na frente. E, como você bem sabe, chegar ao pódio é difícil, porém muito mais complicado é permanecer nele.
Talvez você esteja pensando: “Mas, Roberto, eu amo o que faço, sou um profissional honesto, só que as coisas não dão certo para mim”.
Bem, é importante ter valores fundamentais, respeitar nossa vocação, mas é essencial também desenvolver competências que transformem essa vocação em resultados. A felicidade profissional ocorre quando nossa vocação se soma à nossa competência.