por Regina Wielenska
Décadas atrás houve um estabelecimento na Avenida Paulista, em São Paulo, chamado "O Engenheiro que Virou Suco". O nome dizia tudo: um engenheiro havia mudado de profissão e abrira uma pequena casa de sucos naturais, cujo nome alavancou seu sucesso na mídia e despertou o interesse de muitos.
Não sou economista, mas meu pouco saber me diz que nosso país está numa brutal enrascada econômica. Muita gente já perdeu o emprego e outros mais, segundo leio por aí , logo estarão na fila do seguro-desemprego. E aí?
Flexibilidade e competências são palavras de ordem. Preparar em casa alimentos para vender nas ruas (ou sob encomenda); montar uma oficina de reforma de roupas na garagem de casa; aprender a fazer unhas para atender a domicílio. É hora de muita gente se reinventar de modo a dar jeito de pagar as contas que não param de bater à porta.
Para outras pessoas, será apropriado pesquisar novos rumos, seja para oferecer serviços e produtos que produz, ou para considerar uma mudança de bairro ou cidade. Noutro dia uma amiga nos ofereceu uma porção de nachos com sabor caseiro, pouco salgados e supercrocantes. Perguntamos onde ela comprara e disse ter ganho de presente de um amigo, dono de restaurante mexicano. Tenho certeza que ele faturaria muito com esse tira-gosto, mais até do que com as pimentas caseiras que fabrica e vende em seu estabelecimento. Talvez até montasse kits de guacamole e nachos para os clientes levarem pra casa… Há demandas ocultas por aí, fiquem de olho.
Anos atrás ninguém falava em passeador de cães, lavagem de carro quase a seco, creche para cães, papinha gourmet para bebês. Não falo apenas do segmento de serviços de luxo. Um sujeito percebeu que moradores de comunidades tinham problema com os correios, que não cobriam seus endereços. Passou a oferecer na comunidade uma assinatura de uso do seu endereço para receber encomendas e cartas. Deu certo o empreendimento, e foi preciso contratar mais gente pra trabalhar ali.
Há vezes em que um downgrade profissional pode ser necessário, ninguém gosta disso, mas é bom refletir se é melhor aceitar uma posição mais modesta, ou um salário menor do que o anterior, em comparação a ficar mais de um ano desempregado.
Preferiria que o contexto social do País tornasse absolutamente desnecessário escrever este pequeno artigo, mas por enquanto, recomendo criatividade no viver, moderação no consumo e jogo de cintura a todos.