por Patricia Gebrim
Em nossa falta de consciência, achamos que a vida só é boa quando nos sentimos alegres e nenhum problema nos aflige. Fugimos da dor e dos conflitos e tentamos, a todo custo, empurrar a vida na direção do que acreditamos nos fazer felizes.
Esquecemos que a vida é conduzida por uma força maior, cheia de sentido e sabedoria. Não importa o nome que você queira dar a essa força, você pode senti-la. Basta olhar para o céu ao anoitecer.
Em nossa ânsia de chegar logo ao final de tudo, esquecemos que atraímos em nossa direção exatamente aquilo de que necessitamos para nos tornar mais fortes, sábios e conscientes.
A cada dia percebo com mais intensidade que é no desespero da dor que descobrimos a suavidade da mão que segura a nossa, é no extremo do cansaço que aprendemos a aceitar ajuda, é no tormento do caos que aprendemos o valor da paz, é no silêncio da solidão que aprendemos a amar mesmo os sons de que não gostamos. É do alto da torre, longe de tudo e de todos, que aprendemos a alegria dos que compartilham.
Sendo assim, a vida pode se tornar muito mais simples se pararmos de lutar contra ela, se pararmos de desperdiçar tanta energia tentando controlar o que não pode ser controlado.
Caminhe pela vida escolhendo seus caminhos da melhor maneira que puder, mas quando a vida surpreender você, aceite. Não se perca em revoltas inúteis, como fazem as crianças pequenas. Aceite o que vier como um desafio, brinque com as novas possibilidades, abra mão do apego ao que tinha idealizado e abrace a vida por inteiro.
Viver tudo, seja lá o que for, é viver mais do que apenas uma metade. Nunca crescemos tanto quanto naqueles momentos que mais nos desafiam.
É assim, polindo as sombras, que nos tornamos, aos poucos, a luz que somos.