Por Eduardo Ferreira Santos
Depoimento de uma leitora:
“Estou grávida de 21 semanas, mas não foi uma gravidez desejada, querida. Já tive depressão dois anos atrás. Há umas semanas percebi que estou depressiva novamente. Não desejo essa criança e nem o pai, pois percebi que foi um erro esse relacionamento, que não o amo, a gravidez foi um acidente. Não sei o que fazer, não tenho apetite e durmo muito mal também. E ele (o pai da criança ) não sabe o que está acontecendo comigo e da rejeição. Ele não me entende. Por favor, se puder me ajudar de alguma forma, agradeço. Ah tenho 32 anos de idade e será meu segundo filho, mas não é o mesmo pai. Obrigada.”
Resposta: Realmente você está vivendo uma situação que costumamos chamar de um DILEMA, isto é, não há uma saída que não seja dolorosa para o seu problema.
Embora seja ilegal, religiosamente repreendido, moralmente malvisto, a única saída para este seu caso seria mesmo um abortamento.
Não é uma decisão fácil, mas costumo muito ver na Clínica verdadeiros "abortos vivos", pessoas que os pais não desejavam ter mas, por diversas razões, deixaram a gravidez evoluir e nasceu uma criança profundamente rejeitada, que carrega esta rejeição por toda uma vida.
Insisto que a decisão é MUITO DE FORO ÍNTIMO, mas as consequências podem ser ainda mais dolorosas.
Minha sugestão seria que você procurasse uma ajuda psicoterapêutica que a orientasse na escolha do caminho a seguir.
Mas, pense bem: uma pessoa rejeitada já na gravidez, será rejeitada na infância, na adolescência e carregará consigo uma enorme sensação de não ser aceita.
Atenção!
Este texto não substitui uma consulta ou acompanhamento de um médico psiquiatra e não se caracteriza como sendo um atendimento.