Condicionar “afeto” a comportamentos “adequados” é a maneira mais usual de educar. Assim vamos nos tornando adultos incapazes de dizer “Não” a qualquer pedido, porque tememos que não nos aprovem
Aprendemos desde o berço, que se agradarmos nossos pais seremos recompensados com um brinquedo novo, um elogio, ou até com uma guloseima. As famosas Carícias condicionais de que falamos no texto anterior – veja aqui.
Condicionar “afeto” a comportamentos “adequados” é a maneira mais usual de educar. Assim vamos nos tornando adultos incapazes de dizer “Não” a qualquer pedido, porque tememos que não nos aprovem.
Dizer sim para outro pode ser dizer não para você
Esquecemos que ao dizer sempre “Sim” às solicitações externas, estamos dizendo “Não” às necessidades internas. A fantasia é que “depois de agradar, serei reconhecido e receberei minha recompensa”. Como nem sempre isso acontece, vamos colecionando a raiva de ter que fazer algo que não queríamos e não recebermos nada em troca depois.
É essa raiva que vamos acumulando dentro de nós, que nos faz explodir impulsivamente diante de situações corriqueiras, deixando todos à nossa volta, incrédulos com nossa reação descontrolada. Isso acontece porque a reação vem carregada com a raiva de todas as outras vezes em que desconsiderei a minha verdade, para atender as expectativas de outrem. Perdemos a razão, porque não há contexto que ofereça suporte para tanta intensidade. A raiva é uma energia muito poderosa!
Já viu a força física que ela é capaz de produzir?…
Por outro lado, há os que não ousam mostrá-la jamais, por acharem que é um sentimento “feio”. Sequer admitem senti-lo.
Neste caso o dano pode ser ainda maior, pois se não explode, implode! Transforma-se em sintomas físicos como úlceras, insônias, enxaquecas, inflamações de todos os tipos e até tumores.
Nosso Rogério, inseguro, sempre tinha que dizer e fazer o que os outros queriam. Incapaz de tomar decisões, dependia da aprovação externa, a ponto de muitas vezes, não saber sequer avaliar o que gostaria de fazer. É como se fosse se afastando de sua essência e vestindo máscaras para continuar existindo. Um pseudossuicídio.
Aqui está o grande paradoxo: “tudo isso, fazemos para garantir nossa sobrevivência!”…
Você pode ser gentil, mas não se esqueça de suas necessidades. É você quem tem que se aprovar.