Por Eduardo Carmello
Todo entusiasta tem direito ao pódio. Ele não se apaixona por resultados, e sim pela experiência significativa de conexão com algo maior. Minha admiração por entusiastas nasceu da observação de algumas pessoas de dentro e de fora das organizações que comumente chamamos “especiais”. Transbordam energia e curiosidade. Conseguem transmitir através da fala e do gesto o deleite por uma causa, ideia ou mesmo por uma outra pessoa. Os olhos sempre brilhando.
Um profissional inteligente vale muito. Um profissional inteligente e entusiasmado vale ouro. Pois além de ser referência, ela contagia de modo proativo seus colegas à disposição, empenho e superação de seus desafios. É claro que você fica altamente hipnotizado por um entusiasta, pois ele já “vem de fábrica” com um certo dom para encantar pessoas e impulsioná-las para o conhecimento e reconhecimento de seu melhor.
O que seria do mundo sem as pessoas que “conduzem um Deus dentro de si” ou “que manifestam o Deus que existe dentro de si”? Nosso dicionário Aurélio diz, “exaltação ou arrebatamento extraordinário daqueles que estavam sob inspiração divina”.
Há uma versão que chegou aos meus ouvidos por um querido professor de faculdade. Conta-se que nos jogos da Grécia Antiga, o atleta que conseguisse ganhar a competição, subia ao pódio. Essa tradição acontece até os dias atuais. O que acredito que não saiba é o pódio – especificamente o primeiro lugar – era chamado de Téos. Significa que aquele atleta que subisse em Téos (no pódio), era considerado o único mortal que conseguia alcançar e se comunicar com os Deuses. O entusiasta.
Por uma questão de crença ou visão estreita, o mundo competitivo instiga milhares de pessoas a trabalharem desmedidamente para subir num único pódio. E depois não entendem por que não há paixão e prazer em seus profissionais. Se ouvir atentamente seus empregados, saberá que todos eles, de uma forma ou de outra, querem subir no pódio conectar-se com aquele que inspira e o desafia a ser melhor. O entusiasta sabe que existe um pódio para cada pessoa, e não precisará disputá-lo com outro, mas sim com suas próprias limitações e ambições.
O mundo competitivo acha que quem vence os outros é forte. O entusiasta sabe que quem vence a si mesmo é poderoso. Aliás, o entusiasta não quer realmente o pódio, ele quer estar em “Téos”, alcançando e se comunicando com seus Deuses. O entusiasta não se apaixona por resultados, e sim pela experiência significativa de conexão com algo maior.