Por Ricardo J.A. Leme
Saúde e sentido de vida caminham de mãos dadas, sendo a vida carente de sentido uma forma crônica de adoecimento. Existem vidas que se entendem decorrências de “genes egoístas”; que atribuem caráter ao material genético!
Mas afinal viver e existir são sinônimos? Viktor Frankl me recorda sempre: “Estou de fato vivendo ou apenas existindo?”, ou: “Eu estou vivendo aquilo que para mim faz o maior sentido?”, ou: “Faz sentido ao profundo do meu ser a forma como venho vivendo?”.
Existir primeiro e viver depois
É curioso notar a escolha comum de muitos que escolhem “existir” até a aposentadoria e a partir de então começar a “viver”. Do ponto de vista médico observa-se fenômeno curioso, seja o adoecimento que se dá, não raro, justo no momento tão esperado. O humano que funcionou até então no modo “ter”, tenta passar a operar, aposentado, em modo para o qual não se preparou a vida toda, o modo “ser”. Observo no cotidiano que esta mudança comportamental, quando tardia, cobra alto preço de seus adeptos, sendo a doença em todas as suas nuances o principal sintoma.
Essas questões, feitas de maneira honesta, evocam a percepção interior de ser ou não insubstituível naquilo que se faz. Esta noção é fundamental para a compreensão da ideia de saúde. A busca pessoal pelo sentido da vida é condição sine qua non para a saúde plena. O afastamento do princípio diretor individual eterno (ser) decorrente das benesses do culto temporal ao ter pode ser prenúncio de caminho pouco auspicioso.
Vale pensar…